Hoje não tinha jeito...precisei parar pra abastecer.
Deixo o sol esquentar a pele até dourar, deixo o calor assar
minhas turbulências em fogo lento, até que todos os temperos da alma exalem
seus aromas, ácidos, cítricos, suaves, doces, deixo as especiarias penetrarem,
até que só o verdadeiro sabor prevaleça.
Então me jogo no mar como se pulasse de paraquedas, pra
vencer o medo, pra buscar coragem, pra soltar as energias negativas nas
correntes, e lá me confesso, e olho para o céu com as retinas respingadas de
sal e confesso todas as dores, as perdas, confesso minhas mágoas talvez
injustas, confesso que preciso de ajuda mas só sei pedir ao mar, imenso mar
infinito que sempre me ouve.
Não aprendi a viver sem respostas, e o mar sempre me
responde.
Até hoje não sei onde fica a casa de Deus, mas certamente
ele tem um barquinho.
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