domingo, 19 de outubro de 2014

O barquinho

Hoje não tinha jeito...precisei parar pra abastecer.
Deixo o sol esquentar a pele até dourar, deixo o calor assar minhas turbulências em fogo lento, até que todos os temperos da alma exalem seus aromas, ácidos, cítricos, suaves, doces, deixo as especiarias penetrarem, até que só o verdadeiro sabor prevaleça.
Então me jogo no mar como se pulasse de paraquedas, pra vencer o medo, pra buscar coragem, pra soltar as energias negativas nas correntes, e lá me confesso, e olho para o céu com as retinas respingadas de sal e confesso todas as dores, as perdas, confesso minhas mágoas talvez injustas, confesso que preciso de ajuda mas só sei pedir ao mar, imenso mar infinito que sempre me ouve.
Não aprendi a viver sem respostas, e o mar sempre me responde.

Até hoje não sei onde fica a casa de Deus, mas certamente ele tem um barquinho.

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