domingo, 19 de outubro de 2014

No detox

Eu não quero detox, eu não quero botox.
Eu não quero ter que viver para eliminar os excessos, os excessos de tudo que me fez bem, que me fez mal, que acumulei, que desperdicei, que fiz demais ou de menos, os excessos que me marcaram, os que passaram desapercebidos.
Quero continuar intoxicada daquilo que vivi, continuar acumulando marcas, continuar tendo uma estória pra contar, triste ou feliz, quero uma feijoada existencial, quero tudo que estiver disponível, e se for pouco poder juntar os restos, temperar, reciclar, mistura e manda, quero planos abertos, mais liberdade de escolha, e não caminhos cada vez mais restritos, mais proibidos, mais desinteressantes.
Não quero vida com sabor de alface.
Quero virar enciclopédia, material de pesquisa, quero servir para alguma coisa que não seja só uma bela imagem gravada nos instagrams da vida.
No final, tudo que fica dessa matéria vai virar pó mesmo.
Que pelo menos eu deixe uma malinha de preciosidades surpreendentes para alguém abrir um dia.

Tim tim.

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