sábado, 18 de outubro de 2014

Preconceito

Aqui no Brasil devia ser obrigatório fazer um exame de sangue para identificar o grau de mistura de cada um de nós.
Vai entender de onde vem o preconceito...ninguém é verdadeiramente branco aqui.
Desde muito cedo na vida, me intriga o fato de me olhar no espelho e encontrar esse olho azul, esse cabelo clarinho, de ser apelidada de alemãzinha enquanto o meu coração se emocionava com essa linguagem tão negra, com o quadril quebrando, com o canto potente, quase uma prece, com a alma saindo pela voz, seja pelo samba, pelo blues, pelo jazz, pelo rock impregnado de referências, e tantas outras coisas misturadas que arrepiam os pelinhos loiros da minha nuca.
De alemã mesmo, só esse prazer ao primeiro gole de uma cerveja, loira e gelada.
E talvez, um certo raciocínio lógico e objetivo.
E quem sabe um pouco mais do que isso, mas nada tão predominante que não seja facilmente desativado pelo grau de mistura que certamente circula nas minhas veias.
Certamente algum antepassado pulou a cerca por aqui.
Ainda bem, meu bem.

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