quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Assim é se lhe parece

Ando assim na ponta dos pés, bem devagar, sem pressa, um passo de cada vez.
Respiro o ar rarefeito suavemente, olhando só para a frente, e de vez em quando, fecho os olhos.
De olhos fechados sou capaz de encontrar o eixo que estica meu corpo, procuro manter a cabeça em pé.
Abro os braços como se fossem asas de anjo, evito lembrar da linha quase imperceptível que me separa dos precipícios, balanço na corda, hora bamba, hora esticada, quase caio, mas não.
As asas me protegem.
Estudo cada passo, uso sapatilhas de pelúcia, exercito o silêncio para não causar avalanches, aqui e ali uma parada para me abastecer, armazeno essa luz azul e intensa que vem de algum lugar que não adivinho, avanço mais um pouco, constato que não caí, e continuo imaginando a chegada em terra firme.
Acredito nos sonhos.
Eu sou a equilibrista do abismo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário