Independente de convicções políticas, o que mais me impressiona nessas eleições é o lodo viscoso que subiu à superfície.
Ando vendo solto por aqui o pior de todos nós, o monstro irascível da lagoa turva e poluída dos nossos recalques acorrentados, a ausência de qualquer indício de inteligência emocional, a nossa capacidade de esvaziar o conteúdo, de perder o foco principal da conversa, subir o tom da voz e baixar o nível pura e simplesmente para provar que temos razão, esse vale tudo, esse fura olho, essa falta de educação generalizada, só para no final levantarmos a taça com o nariz sangrando e poder gritar: Vencemos!Eu acho que depois disso, seja qual for o resultado, todos nós já perdemos.Volte cinco casas no jogo da evolução humana.
Escrevo para não deixar os pensamentos voarem, para que não se percam de mim, para que a comunicação com as pessoas permaneça ativada. Uma milonga assim, bem dançada no ritmo do amor e da paz, lúcida mas acima de tudo, relaxada e aberta, feita só para degustar.
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
domingo, 19 de outubro de 2014
Uma belíssima crônica do amigo Braz Chediak!
VIAGEM AO XINGU
Braz Chediak
Braz Chediak
Quando jovem, passei uns tempos filmando na Reserva do Xingu, com os irmãos Villas-Boas. Conheci os Camaiurás, os Uilapitis, os Tikões e outras tribos, e me fascinei com a simplicidade e verdade da vida daqueles povos. Senti que eram felizes. E essa felicidade não vinha apenas por se saberem protegidos por aqueles grandes sertanistas, Cláudio e Orlando, mas por terem uma vida plena, em contato direto com a terra, em harmonia com o universo.
Para os índios, a mata, os rios, os animais, os pássaros, os insetos - vivos e mortos - fazem parte do grande Mavotsinim, o Deus, o Cosmo, o Todo. Não há a moral cartesiana, que separa e divide o Ser Humano e, portanto, não há medos.
Uma das coisas que observei é que os índios não têm calendários nem espelhos, e, sem calendário, o tempo, para eles, é o hoje, o agora. Sem espelhos, não percebem seu próprio envelhecimento. Eles não temem o fim, não têm vaidades superficiais. Ou seja: são eternos.
Até mesmo na arte a eternidade toma o lugar das vaidades. Os índios tocam a música, dançam a dança, pintam a pintura que aprenderam com seus antepassados. A Arte indígena – assim mesmo, com maiúscula - é paradigma, sem contestações tolas, como o risco do bordado, e evolui como todas as coisas: mas sem pressa e sem pausa.
Sem pressa e sem pausa também caminha a vida e, uma tarde, vendo uma indiazinha, uma jovem mãe, carregar seu filho grudado no corpo enquanto lhe cantava canções de sua tribo, me comovi tanto que tive vontade de ficar ali para sempre.
Naquela época eu estava lendo um velho romance de Jean Giono e havia um trecho em que o narrador, ao ver que a personagem feminina não cantava para o filho, dizia a si mesmo: “Então ela não canta nunca para o garoto? Não sabe que as mães fazem simultaneamente leite e canções para o apetite da boca e o apetite do cérebro? Ele será então um garoto que da vida só conhecerá os maus ruídos, os ruídos ásperos? Não terá sob sua cabeça as canções de mãe que parecem frutos e que eu, por infeliz que seja ainda tenho bem frescos, bem roliços e bem sumarentos?”
Pensando no romance, em sua trama de desencontros, e vendo aquela indiazinha tratar com tanta ternura seu filho, imaginei que por artes e por fatos como estes o jovem Artaud, num lampejo de lucidez, procurou a perfeição entre os Tarahumaras, no México, pois eles, como os nossos índios, representavam um ideal de harmonia entre a Arte e a Vida. As mães Tarahumaras, tenho certeza, cantavam para seus filhos, como a terra canta para nós.
Os índios, ao invés do tradicional tapa na bunda que nós damos nos recém nascidos, jogam sobre eles uma cuia d’água. Talvez por isto suas crianças tenham tanta ligação com a água, pois ela, ao invés de estar ligada ao afogamento, está ligada à primeira respiração. Talvez por isto me encantei ao vê-las brincando dentro de uma grande e límpida lagoa, onde as ondas, formadas por seus movimentos, se assemelhavam a pétalas móveis e elas, as crianças, pareciam pequenas abelhas, bêbadas dentro de uma flor. Como estavam alegres. Aquelas crianças pertenciam à alegria. Elas riam porque o sol estava quente, o céu estava azul, as araras voavam aos bandos. Elas riam porque havia peixe e biju de farinha. Elas riam porque eram crianças índias e estavam na água. Os indiozinhos, ao contrário de nossas crianças, gostam do banho, tomam diversos banhos por dia não para se limparem, pois são naturalmente limpos, mas porque a água também é a grande mãe.
Minha vida sempre foi incerta e errante. Muitas vezes não tive um travesseiro para repousar minha cabeça à noite. Muitas vezes não tive o pão de cada dia para me alimentar o corpo, ou uma companheira para me alimentar o espírito. Muitas vezes estive só. Mas sempre carreguei comigo o sentimento de que estava viajando, que aprendi no Xingu. Não a viagem à selva, de avião, de jipe ou de barco. Mas a viagem da vida. E o sentimento desta viagem me ajudou a compreender-me e a compreender meu próximo. Ajudou-me a compreender que um dia estaremos todos juntos, todos brincando, como as crianças índias, nos Páramos eternos, no grande OM, na grande PAZ.
Para os índios, a mata, os rios, os animais, os pássaros, os insetos - vivos e mortos - fazem parte do grande Mavotsinim, o Deus, o Cosmo, o Todo. Não há a moral cartesiana, que separa e divide o Ser Humano e, portanto, não há medos.
Uma das coisas que observei é que os índios não têm calendários nem espelhos, e, sem calendário, o tempo, para eles, é o hoje, o agora. Sem espelhos, não percebem seu próprio envelhecimento. Eles não temem o fim, não têm vaidades superficiais. Ou seja: são eternos.
Até mesmo na arte a eternidade toma o lugar das vaidades. Os índios tocam a música, dançam a dança, pintam a pintura que aprenderam com seus antepassados. A Arte indígena – assim mesmo, com maiúscula - é paradigma, sem contestações tolas, como o risco do bordado, e evolui como todas as coisas: mas sem pressa e sem pausa.
Sem pressa e sem pausa também caminha a vida e, uma tarde, vendo uma indiazinha, uma jovem mãe, carregar seu filho grudado no corpo enquanto lhe cantava canções de sua tribo, me comovi tanto que tive vontade de ficar ali para sempre.
Naquela época eu estava lendo um velho romance de Jean Giono e havia um trecho em que o narrador, ao ver que a personagem feminina não cantava para o filho, dizia a si mesmo: “Então ela não canta nunca para o garoto? Não sabe que as mães fazem simultaneamente leite e canções para o apetite da boca e o apetite do cérebro? Ele será então um garoto que da vida só conhecerá os maus ruídos, os ruídos ásperos? Não terá sob sua cabeça as canções de mãe que parecem frutos e que eu, por infeliz que seja ainda tenho bem frescos, bem roliços e bem sumarentos?”
Pensando no romance, em sua trama de desencontros, e vendo aquela indiazinha tratar com tanta ternura seu filho, imaginei que por artes e por fatos como estes o jovem Artaud, num lampejo de lucidez, procurou a perfeição entre os Tarahumaras, no México, pois eles, como os nossos índios, representavam um ideal de harmonia entre a Arte e a Vida. As mães Tarahumaras, tenho certeza, cantavam para seus filhos, como a terra canta para nós.
Os índios, ao invés do tradicional tapa na bunda que nós damos nos recém nascidos, jogam sobre eles uma cuia d’água. Talvez por isto suas crianças tenham tanta ligação com a água, pois ela, ao invés de estar ligada ao afogamento, está ligada à primeira respiração. Talvez por isto me encantei ao vê-las brincando dentro de uma grande e límpida lagoa, onde as ondas, formadas por seus movimentos, se assemelhavam a pétalas móveis e elas, as crianças, pareciam pequenas abelhas, bêbadas dentro de uma flor. Como estavam alegres. Aquelas crianças pertenciam à alegria. Elas riam porque o sol estava quente, o céu estava azul, as araras voavam aos bandos. Elas riam porque havia peixe e biju de farinha. Elas riam porque eram crianças índias e estavam na água. Os indiozinhos, ao contrário de nossas crianças, gostam do banho, tomam diversos banhos por dia não para se limparem, pois são naturalmente limpos, mas porque a água também é a grande mãe.
Minha vida sempre foi incerta e errante. Muitas vezes não tive um travesseiro para repousar minha cabeça à noite. Muitas vezes não tive o pão de cada dia para me alimentar o corpo, ou uma companheira para me alimentar o espírito. Muitas vezes estive só. Mas sempre carreguei comigo o sentimento de que estava viajando, que aprendi no Xingu. Não a viagem à selva, de avião, de jipe ou de barco. Mas a viagem da vida. E o sentimento desta viagem me ajudou a compreender-me e a compreender meu próximo. Ajudou-me a compreender que um dia estaremos todos juntos, todos brincando, como as crianças índias, nos Páramos eternos, no grande OM, na grande PAZ.
Danos irreversíveis
Tenho andado tanto tempo dentro do meu carro velho cruzando
a cidade nos engarrafamentos, que estou desenvolvendo uma relação, um processo
de simbiose com ele...
Somos quase iguais atualmente, uma calota perdida é como um
dente que me falta, coisas que trepidam e fazem ruídos estranhos parecem com
meus joelhos...às vezes acelero e sinto a antiga potência do motor que fui um
dia, outras vezes engasgo na ladeira...
Tem dias que preciso deixa-lo na garagem quieto, exatamente
como fico no sofá, somos abastecidos periodicamente com uma dose extra de
combustível suficiente para continuar rodando, mas nunca negamos fogo.
Quando isso acontece, o caso é grave.
Acho que estou ficando estranha mesmo.
O Ministério da Saúde adverte: trabalhar em um dia esplendoroso
como hoje pode causar extremo desequilíbrio psicológico.
Somado a engarrafamentos surreais, os danos podem ser
irreversíveis.
Fazer o quê....é o que temos para hoje.
Sobre a alface metafórica
Ai que preguiça dessas teorias de conspirações, dessas
reações insanas diante de qualquer comentário, dessa falta de lucidez, de senso
de humor.
Outro dia escrevi algo e disse: Não quero vida com saber de
alface.
Um amigo compartilhou, e minha alface metafórica foi alvo de
defesas radicais, do tipo: Não quero vida com sabor de morte (????).
No meu tempo isso era conhecido como paranóia.
No detox
Eu não quero detox, eu não quero botox.
Eu não quero ter que
viver para eliminar os excessos, os excessos de tudo que me fez bem, que me fez
mal, que acumulei, que desperdicei, que fiz demais ou de menos, os excessos que
me marcaram, os que passaram desapercebidos.
Quero continuar intoxicada daquilo que vivi, continuar
acumulando marcas, continuar tendo uma estória pra contar, triste ou feliz,
quero uma feijoada existencial, quero tudo que estiver disponível, e se for
pouco poder juntar os restos, temperar, reciclar, mistura e manda, quero planos
abertos, mais liberdade de escolha, e não caminhos cada vez mais restritos,
mais proibidos, mais desinteressantes.
Não quero vida com sabor de alface.
Quero virar enciclopédia, material de pesquisa, quero servir
para alguma coisa que não seja só uma bela imagem gravada nos instagrams da
vida.
No final, tudo que fica dessa matéria vai virar pó mesmo.
Que pelo menos eu deixe uma malinha de preciosidades surpreendentes
para alguém abrir um dia.
Tim tim.
Sabe de nada, inocente...
Quando penso que já vi tudo, não passei ainda da página
dois.
Tenho muito o que aprender, especialmente sobre os cinquenta
tons que podem retratar a falta de escrúpulos de um ser humano idiota, entre
tantos disfarçados por aí.
Fora os espertinhos (lugar comum, facilmente identificáveis)
e os dissimulados que fingem um grande amor por você (com esses também já estou
acostumada), essa é uma categoria mafiosa para a qual ainda não desenvolvi
plenas defesas.
Não vim ao mundo pra isso, mas já que...eles que me
aguardem.
Sempre na maior elegância, é claro.
O barquinho
Hoje não tinha jeito...precisei parar pra abastecer.
Deixo o sol esquentar a pele até dourar, deixo o calor assar
minhas turbulências em fogo lento, até que todos os temperos da alma exalem
seus aromas, ácidos, cítricos, suaves, doces, deixo as especiarias penetrarem,
até que só o verdadeiro sabor prevaleça.
Então me jogo no mar como se pulasse de paraquedas, pra
vencer o medo, pra buscar coragem, pra soltar as energias negativas nas
correntes, e lá me confesso, e olho para o céu com as retinas respingadas de
sal e confesso todas as dores, as perdas, confesso minhas mágoas talvez
injustas, confesso que preciso de ajuda mas só sei pedir ao mar, imenso mar
infinito que sempre me ouve.
Não aprendi a viver sem respostas, e o mar sempre me
responde.
Até hoje não sei onde fica a casa de Deus, mas certamente
ele tem um barquinho.
sábado, 18 de outubro de 2014
Uma dúvida (entre tantas)
Seguindo a reflexão, eis o dilema:
Afinal, sou mesmo uma pessoa de fé, que dorme e acorda agradecendo e pedindo a proteção de Deus, sempre na certeza de que Ele está trabalhando por mim, e injetando forças no meu espírito, resignação na minha vida, e me fazendo acreditar que sim, ainda é possível sonhar? Ou sou aquela pessoa cética, que não pode obter nenhuma certeza absoluta a respeito da verdade, sempre implicante em uma condição intelectual de questionamento permanente e na inadmissão da existência de fenômenos metafísicos, religiosos e dogmas, conforme descreve a Wikipedia, que aliás, aqui entre nós, é sempre questionável... E aí queridos astrólogos de plantão, é possível ser virginiana e não questionar? É possível ser virginiana e mesmo questionando, ainda assim sonhar? E afinal, quem é que paga as minhas contas? Eu e eu, com a ajuda de Deus, ou eu e eu com essa força estranha que nem mesmo eu sei de onde vem, talvez dessa irreverente vontade de tirar tudo do sério e insistir em transformar os sonhos em realidade, e afinal, que diferença isso faz, para mim ou para você? Preciso chegar a uma conclusão antes do fim do mundo, aguardo esclarecimentos. |
É tanta gente que nem sei
Eu sei quem gosta de mim, eu sei quem não gosta de mim, mas
tem gente que eu não sei.
Eu sei que tem gente que não gosta de nada, e que tem gente
que gosta de tudo, mas esses, na dúvida, geralmente não gostam de mim também.
Eu entendo...gostar de mim é meio complicado, embora eu nem
ache que seja.
Eu gosto de muita gente, muita gente que às vezes também
gosta de mim, mas às vezes não.
Eu não gosto de todo mundo, todo mundo é muita gente, gente
demais pra gostar, gente demais pra conquistar, gente que não quer, gente que
não entende, gente que não dá tempo, gente que me escapa, gente que fica pra
próxima, e tem gente que insiste em ficar.
Tá faltando espaço pra tanta gente, mas para os que fazem
questão, a gente dá um jeitinho.
Dentro de um coração cabe muita gente.
Preconceito
Aqui no Brasil devia ser
obrigatório fazer um exame de sangue para identificar o grau de mistura de cada
um de nós.
Vai entender de onde vem o preconceito...ninguém
é verdadeiramente branco aqui.Desde muito cedo na vida, me intriga o fato de me olhar no espelho e encontrar esse olho azul, esse cabelo clarinho, de ser apelidada de alemãzinha enquanto o meu coração se emocionava com essa linguagem tão negra, com o quadril quebrando, com o canto potente, quase uma prece, com a alma saindo pela voz, seja pelo samba, pelo blues, pelo jazz, pelo rock impregnado de referências, e tantas outras coisas misturadas que arrepiam os pelinhos loiros da minha nuca.
De alemã mesmo, só esse prazer ao primeiro gole de uma cerveja, loira e gelada.
E talvez, um certo raciocínio lógico e objetivo.
E quem sabe um pouco mais do que isso, mas nada tão predominante que não seja facilmente desativado pelo grau de mistura que certamente circula nas minhas veias.
Certamente algum antepassado pulou a cerca por aqui.
Ainda bem, meu bem.
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
Anjos levianos
Então ela toma uma decisão irrevogável:
Daqui para a frente, perderá os escrúpulos a ela impingidos por um decreto lei qualquer, assinado não se sabe por quem, desamarrará os nós, abrirá as asas para voar mais alto e se tornará cada vez mais leviana.
Leviana como anjos que não precisam mais se arrepender de nada,
flutuando nas nuvens celestiais de suas escolhas, degustando suas decisões
acima de qualquer julgamento.
Os anjos desconhecem o medo.
Ela também saberá finalmente ignorar as sombras, seguirá protegida pela pureza de suas intenções, e desprovida que já vai estar de qualquer culpa ou remorso, poderá então sentir o aroma da plenitude.
Só um detalhe: é bom que esteja preparada, pois nesses casos, costuma voar pedra pra todos os lados.
Benção pra ela.
Mistura e manda
Não saberia definir esse
espaço virtual onde hoje me conecto a tantas pessoas, qual é o fio condutor que
me leva em flashes ao passado, ao aqui e agora e porque não, ao futuro
também... como uma máquina do tempo que me transporta de volta a momentos já
vividos, ao dia a dia das pessoas e quem sabe talvez, ao encontro de novidades.
De início estranhei não olhar nos olhos, não
sentir o coração batendo num abraço ou a força de
um aperto de mãos, de brindar ao vivo, e sair soprando um beijo de despedida,
rumo aos próximos encontros.Mas quantas trocas, quantos reencontros acontecem por aqui, quase como a emoção de receber uma carta na caixa do correio, quantas surpresas acontecem.
Sim, eu sei...Nada se compara à presença, a maravilhosa energia da proximidade física, ouvir e sentir o calor de vozes como se escuta música, ficar junto de quem se gosta ao vivo e a cores em alta definição, mas aqui também se pode jogar sementes, cultivar idéias e opiniões, e continuar a tecer a teia de comunicação com aqueles que reconhecemos à distância.
Os faróis que escolhemos para iluminar a caminhada, independente das distâncias.
Às vezes fica chato, às vezes é bem divertido, às vezes não é nada simplesmente.
Mas é interessante.
O que não servir, a gente descarta, mistura e recicla.
Locomotiva
Hoje é sexta feira??? Nem percebi.
Às vezes me sinto como uma locomotiva (ainda existem locomotivas?), um expresso do oriente, uma maria fumaça transcontinental, cujo principal combustível é a vontade de atravessar terras, desbravar possibilidades, cumprir trajetos, e um dia finalmente, chegar na praia.
Ufa....haja vapor.
Às vezes me sinto como uma locomotiva (ainda existem locomotivas?), um expresso do oriente, uma maria fumaça transcontinental, cujo principal combustível é a vontade de atravessar terras, desbravar possibilidades, cumprir trajetos, e um dia finalmente, chegar na praia.
Ufa....haja vapor.
Será?
Será impressão minha ou:
- a zona de conforto é uma utopia
- é preciso cada vez mais gente pra desempenhar uma simples tarefa
- não será nessa encarnação que verei o Brasil tomar vergonha na cara
- eu sempre vou me perder em Jacarepaguá
Será?
- a zona de conforto é uma utopia
- é preciso cada vez mais gente pra desempenhar uma simples tarefa
- não será nessa encarnação que verei o Brasil tomar vergonha na cara
- eu sempre vou me perder em Jacarepaguá
Será?
Um dia
Um dia, eu juro, serei alguém sem você, alguém que já fui um dia antes de você chegar, alguém além de mim mesma, alguém que você amaria pra sempre, alguém mais suave, menos dilacerada, mais evoluída.
Alguém capaz de ir além de você, você que seguiu adiante, que partiu me deixando pra trás, talvez abrindo caminho para um outro alguém, que desconfio, está dentro de mim escondida, esperando a tempestade passar.
Então, eu juro que te agradeço por tudo, e sigo adiante, procurando esse alguém que falta em mim, sem você.
Um dia, qualquer dia, falta pouco.
Alguém capaz de ir além de você, você que seguiu adiante, que partiu me deixando pra trás, talvez abrindo caminho para um outro alguém, que desconfio, está dentro de mim escondida, esperando a tempestade passar.
Então, eu juro que te agradeço por tudo, e sigo adiante, procurando esse alguém que falta em mim, sem você.
Um dia, qualquer dia, falta pouco.
Aviso
Não sei precisar o exato
momento em que o mar me avisou, acho que era bem pequena, quando encostei uma
dessas grandes conchas no ouvido, e descobri espantada que o mar falava comigo.
Foi então que ouvi o mar me dizendo:Escuta bem, só eu vou te abraçar para o resto da vida, só essa onda que eu empurro na tua direção pra te desafiar a astúcia e a coragem, só a espuma branca e macia dessa onda vai lamber o teu corpo sempre que você precisar de carinho, só eu, o mar, vou te amar pra sempre.
Só eu posso impregnar tua alma com o sal que cura todas as dores, só eu sou como você, um dia esmeralda translúcida, outro dia chumbo denso, só eu vou fingir que não percebo a ousadia do vento te soprando segredos, pois sendo o mar, não preciso da tua fidelidade, preciso de um só instante, o mergulho profundo, a entrega sem medo, e então te deixo partir beijando teus pés na certeza da tua volta.
Eu escutei o mar...e volto, sempre.
Excesso de lucidez
Ok, queridas pessoas que ainda habitam esse planeta, vamos combinar: vocês são um luxo, talvez eu também seja, o Rio de Janeiro continua lindo, não faltam “instagrams” para comprovar esse fato, o Brasil é um país único em sua diversidade de maravilhas mil, sempre existirá Paris, Obama foi reeleito (so what?) andamos com fé, somos uma tribo de poetas de olhos brilhantes que se encantam com a lua, com o nascer do sol exuberante, capazes de renascer a cada mergulho, porém...a cada dia que passa, a cada notícia que chega de Brasília (você acredita mesmo amigo, que aquela turminha da pesada verá o sol nascer quadrado somente por terem roubado um dinheirinho do povo? ah, tolinhos...), a cada engarrafamento monstro, a cada manifestação de arrogância e falta de educação que me atropela feito um rolo compressor em cada esquina por onde passo, a cada final do dia em que entro em casa e me pergunto, será que isso tudo vai melhorar?
Eu penso: quem sou eu afinal, essa pessoa que acorda assim, meio otimista, (devo ser mesmo uma pessoa estranha), pensando que every little thing is gonna be allright, e no final do dia vai dormir rezando, invocando todos os deuses, pedindo forças para acreditar que não, o mundo ainda não acabou, tudo vale a pena se a alma não é pequena?
O Ministério da Saúde Mental adverte: Excesso de lucidez pode causar danos irreversíveis à sua linda pessoa, tenha uma boa alimentação, pratique exercícios e esqueça de todo o resto, doses homeopáticas de alienação são altamente recomendáveis.
Beijo me liga
Eu penso: quem sou eu afinal, essa pessoa que acorda assim, meio otimista, (devo ser mesmo uma pessoa estranha), pensando que every little thing is gonna be allright, e no final do dia vai dormir rezando, invocando todos os deuses, pedindo forças para acreditar que não, o mundo ainda não acabou, tudo vale a pena se a alma não é pequena?
O Ministério da Saúde Mental adverte: Excesso de lucidez pode causar danos irreversíveis à sua linda pessoa, tenha uma boa alimentação, pratique exercícios e esqueça de todo o resto, doses homeopáticas de alienação são altamente recomendáveis.
Beijo me liga
Ricos e pobres
Diante dos fatos cotidianos da vida atual (a minha, é claro) tenho refletido bastante e cheguei a seguinte conclusão:
Sou rica, mas estou pobre.
Isso não é nada agradável, mas ainda me permite vislumbrar uma janela, um atalho, uma possibilidade de vôo, alguns acessos inesperados...
Então pensei que existe uma situação muito pior:
Ser pobre e estar rico.
Pois essa é realmente uma condição imutável, já que nesse caso a verdadeira pobreza é a total incapacidade de enxergar o horizonte e as pessoas à sua volta, mesmo com todos os acessos permitidos, e isso é hermético, inoxidável e verdadeiramente insuportável.
Assim, deito a cabeça no travesseiro e vou dormir mais sossegada.
Boa noite
Sou rica, mas estou pobre.
Isso não é nada agradável, mas ainda me permite vislumbrar uma janela, um atalho, uma possibilidade de vôo, alguns acessos inesperados...
Então pensei que existe uma situação muito pior:
Ser pobre e estar rico.
Pois essa é realmente uma condição imutável, já que nesse caso a verdadeira pobreza é a total incapacidade de enxergar o horizonte e as pessoas à sua volta, mesmo com todos os acessos permitidos, e isso é hermético, inoxidável e verdadeiramente insuportável.
Assim, deito a cabeça no travesseiro e vou dormir mais sossegada.
Boa noite
Chuvinha e cafuné
Barulhinho de chuva e cafuné são duas sensações bem parecidas.
Bom pra aquietar a mente, acalmar o coração, deixar pra lá e pra depois, e devagarinho adormecer.
Quem sabe até sonhar.
Bom pra aquietar a mente, acalmar o coração, deixar pra lá e pra depois, e devagarinho adormecer.
Quem sabe até sonhar.
Sobre príncipes de verdade e os reis do nada
Arrogância…
Não tem a ver com poder aquisitivo, com status, com hierarquias sociais, é um dispositivo que já vem instalado na pessoa.
Parecido com a inveja...
Eu não estranho, embora me provoque náuseas, a previsível arrogância dos poderosos, mas quando encontro uma atendente de telemarketing, uma caixa de supermercado, um zé mané qualquer exercitando essa veia...de onde vem isso??? Me dá um mau humor súbito!
É uma merda. A inveja é uma merda, a arrogância também é.
Mas aí aparece um rapaz muito jovem, magrinho, com dificuldades de fala, rosto cheio de marcas, deve pegar três conduções pra chegar ao trabalho, viver em condições sub-humanas, humilde, gentil, sorridente, bem educado, e oferece ajuda, ele que não tem nada a oferecer, oferece o que não tem, qualquer tipo de ajuda que possa dispor naquele momento.
Um príncipe.
Essa é a verdadeira realeza.
Que bom que sempre encontro alguém assim no meu caminho.
Pergunto o nome, se me der uma chance, ofereço meu abraço, e me despeço, agradecida por ele existir.
Deve ter alguma explicação.
Aos Reis do Nada, o meu desprezo.
Não tem a ver com poder aquisitivo, com status, com hierarquias sociais, é um dispositivo que já vem instalado na pessoa.
Parecido com a inveja...
Eu não estranho, embora me provoque náuseas, a previsível arrogância dos poderosos, mas quando encontro uma atendente de telemarketing, uma caixa de supermercado, um zé mané qualquer exercitando essa veia...de onde vem isso??? Me dá um mau humor súbito!
É uma merda. A inveja é uma merda, a arrogância também é.
Mas aí aparece um rapaz muito jovem, magrinho, com dificuldades de fala, rosto cheio de marcas, deve pegar três conduções pra chegar ao trabalho, viver em condições sub-humanas, humilde, gentil, sorridente, bem educado, e oferece ajuda, ele que não tem nada a oferecer, oferece o que não tem, qualquer tipo de ajuda que possa dispor naquele momento.
Um príncipe.
Essa é a verdadeira realeza.
Que bom que sempre encontro alguém assim no meu caminho.
Pergunto o nome, se me der uma chance, ofereço meu abraço, e me despeço, agradecida por ele existir.
Deve ter alguma explicação.
Aos Reis do Nada, o meu desprezo.
Assim seja
Passei a primeira parte da vida brincando e sonhando, a segunda metade pintando e bordando o presente, e aprendendo a não pensar no futuro, que pra falar a verdade nem me interessava muito, e que conforme muitos me aconselhavam, a Deus deveria pertencer.
Agora na terceira (ou quarta, quinta, sei lá, já perdi a conta), descobri que se eu não olhar pra frente (e de preferência pra trás e para os lados também), Deus, esse cara que diante dos fatos que se sucedem nesse momento não deve ter tido sequer um tempo de ler a minha cartinha, deve realmente estar precisando de uma força tarefa, esperando que cada um faça o seu planejamento, trabalhe na sua planilha, e corra atrás desse futuro que só a nós pertence.
Ou se preferir, curto e grosso: levanta e vai à luta.
E eu obedeço, pois lá no fundo, sei que ele vai dar uma espiadinha, assim de canto de olho, e quando eu nem estiver percebendo, tudo pode dar certo.
Que assim seja.
Agora na terceira (ou quarta, quinta, sei lá, já perdi a conta), descobri que se eu não olhar pra frente (e de preferência pra trás e para os lados também), Deus, esse cara que diante dos fatos que se sucedem nesse momento não deve ter tido sequer um tempo de ler a minha cartinha, deve realmente estar precisando de uma força tarefa, esperando que cada um faça o seu planejamento, trabalhe na sua planilha, e corra atrás desse futuro que só a nós pertence.
Ou se preferir, curto e grosso: levanta e vai à luta.
E eu obedeço, pois lá no fundo, sei que ele vai dar uma espiadinha, assim de canto de olho, e quando eu nem estiver percebendo, tudo pode dar certo.
Que assim seja.
Gratidão
Se eu fizer uma retrospectiva de tudo o que me acontece (e que paralelamente, também "desacontece", o que às vezes é ainda mais significativo), serei só gratidão.
Sai o que tem que sair, fica o que tem que ficar.
Preciso lembrar de agradecer por essa seleção natural, todos os dias da minha vida.
Sai o que tem que sair, fica o que tem que ficar.
Preciso lembrar de agradecer por essa seleção natural, todos os dias da minha vida.
Despedidas (são tantas...)
Tempo de muitas despedidas.
Preciso reaprender a chorar, meu coração ficou muito esperto e fica ali quietinho, se protegendo de mais uma emoção, acostumado que está com essa montanha russa, com esse vai e vem, com esse entra e sai, com portas batendo, com essa incessante avalanche que está sempre à minha espreita, esperando que eu passe assim distraída...
Mas não tem jeito não...
Quando a emoção é bonita de viver, ele se entrega todinho.
Ainda bem, meu bem.
É sangue bom correndo nas veias.
Preciso reaprender a chorar, meu coração ficou muito esperto e fica ali quietinho, se protegendo de mais uma emoção, acostumado que está com essa montanha russa, com esse vai e vem, com esse entra e sai, com portas batendo, com essa incessante avalanche que está sempre à minha espreita, esperando que eu passe assim distraída...
Mas não tem jeito não...
Quando a emoção é bonita de viver, ele se entrega todinho.
Ainda bem, meu bem.
É sangue bom correndo nas veias.
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Marés
Minha vida é assim, sempre em movimento, como as marés, nem bem termino um ciclo e já estou com saudades, de tantas coisas, de tanta gente, como uma lua cheia decrescendo, faltando um pedaço de luz, e ao mesmo tempo já sou toda olhos para o futuro, imaginando novidades, apertos de mãos e abraços que virão, como uma lua nova anunciando as mudanças, o crescimento.
E vai tudo passando assim tão rápido, nem bem saí de lá e já estou aqui em outro lugar, e nem bem percebi ainda como foi tudo tão importante e já preciso redimensionar as situações em que me encontro, organizar as gavetinhas, descobrir outros caminhos, ou quem sabe, só balançar na rede um pouquinho.
A vida está sempre à minha espreita, em cada esquina.
Às vezes preciso me esconder dela, senão ela não me dá sossego.
E vai tudo passando assim tão rápido, nem bem saí de lá e já estou aqui em outro lugar, e nem bem percebi ainda como foi tudo tão importante e já preciso redimensionar as situações em que me encontro, organizar as gavetinhas, descobrir outros caminhos, ou quem sabe, só balançar na rede um pouquinho.
A vida está sempre à minha espreita, em cada esquina.
Às vezes preciso me esconder dela, senão ela não me dá sossego.
O Dragão
Todos os dias eu abro os olhos pela manhã e encontro um dragão, soltando
fogo pelas ventas.
Então levanto, lanço mão das minhas melhores armas, de toda a minha astúcia e parto pra luta, e não me permito um minuto de desatenção, pois às vezes, por um segundo, olho pra ele e chego a achar que está sorrindo pra mim...
Mas não, é sempre uma armadilha, ele sabe que ainda sou capaz de sonhar, e isso é exatamente o que mais o irrita...e o dragão avança, ardiloso e cruel, determinado a me chutar para escanteio, e tomar conta da minha vida.
Chega uma certa hora, estamos os dois cansados...então fazemos um acordo temporário, uma trégua, uma bandeira branca, e deixamos tudo isso para amanhã.
Mas quando acordo, lá está o dragão.
De vez em quando percebo que estou quase me acostumando com sua presença, e penso que deve ser um erro de estratégia, pois definitivamente, não gosto dele.
Preciso convencê-lo a escolher outra presa, a tomar outro rumo, dizer a ele que meu sangue é doce e enjoado, que existem carnes mais macias, almas mais vazias, vidas mais temperadas com os sabores amargos que ele tanto aprecia, empanadas com inveja, arrogância e maledicência.
Descobrir a razão pela qual o dragão me escolheu, e não os anjos.
Talvez aí minhas chances aumentem.
Então levanto, lanço mão das minhas melhores armas, de toda a minha astúcia e parto pra luta, e não me permito um minuto de desatenção, pois às vezes, por um segundo, olho pra ele e chego a achar que está sorrindo pra mim...
Mas não, é sempre uma armadilha, ele sabe que ainda sou capaz de sonhar, e isso é exatamente o que mais o irrita...e o dragão avança, ardiloso e cruel, determinado a me chutar para escanteio, e tomar conta da minha vida.
Chega uma certa hora, estamos os dois cansados...então fazemos um acordo temporário, uma trégua, uma bandeira branca, e deixamos tudo isso para amanhã.
Mas quando acordo, lá está o dragão.
De vez em quando percebo que estou quase me acostumando com sua presença, e penso que deve ser um erro de estratégia, pois definitivamente, não gosto dele.
Preciso convencê-lo a escolher outra presa, a tomar outro rumo, dizer a ele que meu sangue é doce e enjoado, que existem carnes mais macias, almas mais vazias, vidas mais temperadas com os sabores amargos que ele tanto aprecia, empanadas com inveja, arrogância e maledicência.
Descobrir a razão pela qual o dragão me escolheu, e não os anjos.
Talvez aí minhas chances aumentem.
Quatro estações
Uma vez alguém me propôs um teste
para determinar que tipo de pessoa eu seria de acordo com as estações, uma
espécie de guia que me ajudaria a encontrar as minhas cores, para vestir,
maquiar, decorar a casa, enfim, aquela coisa fútil inútil.
Os tempos eram outros e eu estava ali meio de bobeira, então deixei a curiosidade solta e descobri: sou uma pessoa outono.
Fiquei em dúvida...e aquele verão todo dentro de mim? aquele calor, o pôr do sol derretendo no mar, a vontade de dançar, e os turquesas, e toda aquela luz?
Hoje faz mais sentido. Os amarelos, vermelhos e lilases, a ferrugem do tempo que sempre existiu dentro de mim, e esse verão com todas as tempestades e enxurradas que carregam coisas que amamos, mas que insiste em virar primavera de novo.
O inverno, não sei...vai ver que o frio é só solidão, mas quando ele chegar a gente conversa.
Os tempos eram outros e eu estava ali meio de bobeira, então deixei a curiosidade solta e descobri: sou uma pessoa outono.
Fiquei em dúvida...e aquele verão todo dentro de mim? aquele calor, o pôr do sol derretendo no mar, a vontade de dançar, e os turquesas, e toda aquela luz?
Hoje faz mais sentido. Os amarelos, vermelhos e lilases, a ferrugem do tempo que sempre existiu dentro de mim, e esse verão com todas as tempestades e enxurradas que carregam coisas que amamos, mas que insiste em virar primavera de novo.
O inverno, não sei...vai ver que o frio é só solidão, mas quando ele chegar a gente conversa.
Frescobol
Se for pra jogar alguma
coisa, fico com o frescobol.
Ninguém ganha, ninguém perde.
Eu entrego, você devolve.
É só troca, desafio para um novo movimento, pra mostrar uma direção inesperada, e se a bola cair, nenhum problema.
Se o jogo parar, não é desistência, é só pra dar um mergulho.
Só sei jogar a favor, se for contra, nem me chame.
Disso eu já sei: sou dessas.
Can I help you? Senão, me esqueça.
Ninguém ganha, ninguém perde.
Eu entrego, você devolve.
É só troca, desafio para um novo movimento, pra mostrar uma direção inesperada, e se a bola cair, nenhum problema.
Se o jogo parar, não é desistência, é só pra dar um mergulho.
Só sei jogar a favor, se for contra, nem me chame.
Disso eu já sei: sou dessas.
Can I help you? Senão, me esqueça.
Aos amigos
Aos meus amigos do peito,
e aos meus amigos da vida;
Aos meus amigos recentes, e aos meus amigos desde sempre;
Aos meus amigos do dia a dia, e aos meus amigos de um dia só;
Aos meus amigos presentes, e aos meus amigos ausentes;
Aos meus amigos que nem conheço, mas que mesmo assim reconheço;
Aos meus amigos de encontros e desencontros, de risos, e lágrimas, e parcerias, e abraços apertados, a todos os amigos de todos os momentos, espalhados por aí, em todas as partes, todos juntos no meu coração;
Eu desejo:
Que cada um monte a sua receita de felicidade, que encontrem os ingredientes necessários naquela hortinha verde da esperança, pincelem tudo com o pó mágico dos sonhos, e botem pra assar devagarinho, que é devagarinho que a gente chega lá!
Aos meus amigos recentes, e aos meus amigos desde sempre;
Aos meus amigos do dia a dia, e aos meus amigos de um dia só;
Aos meus amigos presentes, e aos meus amigos ausentes;
Aos meus amigos que nem conheço, mas que mesmo assim reconheço;
Aos meus amigos de encontros e desencontros, de risos, e lágrimas, e parcerias, e abraços apertados, a todos os amigos de todos os momentos, espalhados por aí, em todas as partes, todos juntos no meu coração;
Eu desejo:
Que cada um monte a sua receita de felicidade, que encontrem os ingredientes necessários naquela hortinha verde da esperança, pincelem tudo com o pó mágico dos sonhos, e botem pra assar devagarinho, que é devagarinho que a gente chega lá!
Assim é se lhe parece
Ando assim na ponta dos
pés, bem devagar, sem pressa, um passo de cada vez.
Respiro o ar rarefeito suavemente, olhando só
para a frente, e de vez em quando, fecho os olhos.
De olhos fechados sou capaz de encontrar o eixo que estica meu corpo, procuro manter a cabeça em pé.
Abro os braços como se fossem asas de anjo, evito lembrar da linha quase imperceptível que me separa dos precipícios, balanço na corda, hora bamba, hora esticada, quase caio, mas não.
As asas me protegem.
Estudo cada passo, uso sapatilhas de pelúcia, exercito o silêncio para não causar avalanches, aqui e ali uma parada para me abastecer, armazeno essa luz azul e intensa que vem de algum lugar que não adivinho, avanço mais um pouco, constato que não caí, e continuo imaginando a chegada em terra firme.
Acredito nos sonhos.
Eu sou a equilibrista do abismo.
De olhos fechados sou capaz de encontrar o eixo que estica meu corpo, procuro manter a cabeça em pé.
Abro os braços como se fossem asas de anjo, evito lembrar da linha quase imperceptível que me separa dos precipícios, balanço na corda, hora bamba, hora esticada, quase caio, mas não.
As asas me protegem.
Estudo cada passo, uso sapatilhas de pelúcia, exercito o silêncio para não causar avalanches, aqui e ali uma parada para me abastecer, armazeno essa luz azul e intensa que vem de algum lugar que não adivinho, avanço mais um pouco, constato que não caí, e continuo imaginando a chegada em terra firme.
Acredito nos sonhos.
Eu sou a equilibrista do abismo.
No mimimi
Não vim ao
mundo pra ficar de mimimi, não preciso ser reconhecida, condecorada, talvez nem
sequer admirada, muito pelo contrário.
O anonimato é uma roupa que me cai bem.
Gosto mesmo é de dividir os méritos e os erros, gosto de ser mais uma, de somar, multiplicar e dividir a bola, mas não gosto de subtrair, e não pretendo correr na frente para chegar antes e ocupar um lugar que não é meu.
Se por acaso esse lugar for meu, então é lá que você vai me encontrar, naturalmente.
Gosto mais de dar o passe do que marcar o gol.
Nem preciso entender a parte que me cabe nesse latifúndio, e duvido que exista alguém capaz de me explicar, então se me chamar eu vou, faço o que tenho que fazer, entenda isso como quase nada, ou quase tudo, não importa.
O que importa é a gentileza, a tolerância, a troca, o exercício da paciência, o aprendizado.
Alguma coisa fica, e se ficar é porque valeu, senão é o resto, e o resto vai para reciclagem.
No final, qualquer outra conquista é só uma sensação efêmera, e cedo ou tarde, quando fechar a conta, vamos todos para o mesmo lugar.
Ou talvez não...mas aí, só vou saber quando chegar lá.
Mas por enquanto, não tenho pressa não...não preciso saber de tudo.
Fico com os mistérios, sempre mais próximos dos sonhos.
O anonimato é uma roupa que me cai bem.
Gosto mesmo é de dividir os méritos e os erros, gosto de ser mais uma, de somar, multiplicar e dividir a bola, mas não gosto de subtrair, e não pretendo correr na frente para chegar antes e ocupar um lugar que não é meu.
Se por acaso esse lugar for meu, então é lá que você vai me encontrar, naturalmente.
Gosto mais de dar o passe do que marcar o gol.
Nem preciso entender a parte que me cabe nesse latifúndio, e duvido que exista alguém capaz de me explicar, então se me chamar eu vou, faço o que tenho que fazer, entenda isso como quase nada, ou quase tudo, não importa.
O que importa é a gentileza, a tolerância, a troca, o exercício da paciência, o aprendizado.
Alguma coisa fica, e se ficar é porque valeu, senão é o resto, e o resto vai para reciclagem.
No final, qualquer outra conquista é só uma sensação efêmera, e cedo ou tarde, quando fechar a conta, vamos todos para o mesmo lugar.
Ou talvez não...mas aí, só vou saber quando chegar lá.
Mas por enquanto, não tenho pressa não...não preciso saber de tudo.
Fico com os mistérios, sempre mais próximos dos sonhos.
Sem disfarces
Eu e minhas marcas,
minhas irregularidades, meus remendos e um insistente brilho nos olhos, preto
no branco, sem retoques no meio da exaustão.
Deixo a perfeição
para quem não teve nada de interessante pra fazer durante uma meia vida inteira.Tantas coisas...
Tem coisas que não conheço e gostaria de conhecer.
Tem coisas que eu preciso e não sei onde encontrar.
Tem coisas que já não preciso e gostaria de descartar.
Tem coisas que já sei e preferia não saber.
Tem coisas que é melhor nem te contar.
Mas tem coisas que simplesmente valem por todas as outras coisas.
E tem mais:
Tem coisas que eu preciso e não sei onde encontrar.
Tem coisas que já não preciso e gostaria de descartar.
Tem coisas que já sei e preferia não saber.
Tem coisas que é melhor nem te contar.
Mas tem coisas que simplesmente valem por todas as outras coisas.
E tem mais:
Uns vão, outros vem.
Uns estão, outros são.
Uns querem, outros não.
Fazer o quê?
O que é MILONGA?
Milonga:
“Um estilo
de música tradicional em várias partes da América Latina e na Espanha, derivado
da habanera e da guajira cubana e flamenca, assim como o tango.
É o ritmo
nacional da Argentina, do Uruguai e do Rio Grande do Sul, também conhecido por
Molonga.
A milonga
originou-se de uma forma de canto e dança da Andaluzia, Espanha, que no final
do século XIX, popularizou-se nos subúrbios de Montevidéu e Buenos Aires,
nascendo assim o tango. Há versões que atribuem origem africana, tanto que
defendem que o termo milonga significaria “palavras” em Bantu.
No livro “Nkissi
Tata Dia Nguzu” de Sérgio Paulo Adolfo, é dito que no Candomblé o termo “milonga”
– oriundo do quimbundo – é utilizado como sinônimo de mistura ou sincretismo.”
Pronto, já
gostei.
Mas tem mais:
Milonga pode
ser também aquele papo furado, aquela conversa fiada que se joga fora
despretensiosamente quando não se tem pressa, pode ser malandragem, lero lero, piscadinha
de olho, sorrisinho maroto, risadinha sarcástica, código de comunicação entre
aqueles que se conhecem tão bem que já nem é preciso aprofundar os assuntos,
ensaiar o discurso, vestir a fantasia.
Milonga é
pra quem tem tempo a perder com a melhor coisa da vida, que é desperdiçar
palavras com quem te entende sem ter que se preocupar em fazer sentido, ouvir
estórias, trocar figurinhas, fazer a louca, coçar o pé, comer um bolo com café.
Milonga é
uma coisa parecida com aquela música de Martinho da Vila, é devagar, é devagar,
é devagar devagarinho, assim soltinho, só no sapatinho.
Tenho uma
amiga que quando me convidava para alguma coisa parecida com isso tudo, mandava
a senha: Vai ser a maior milonga!
Quando ela
dizia isso, eu não pensava duas vezes.
Então é
isso, quem quiser que chegue mais, sem lenço, sem documento, sem preconceito,
sem compromisso, e não esquece de trazer um bate bola, um petit four, uma
bebidinha, ou só a sua alegria.
E não me
leve a mal, nem vem que não tem, aqui eu não brigo, é só milonga.
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