quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Mau humor

Diário de bordo:
Hoje acordei num mau humor que não me atacava há tempos.
Primeiramente: bad hair day.
Pensa. Não tem nada pior.
Segundamente: dinheiro sai, jorra por todas as frestas com uma facilidade, mas dinheiro não entra.
O que significa que o bad hair day tende a piorar, o que é um prenúncio de mau humor crônico.
Terceiramente: conta de luz...o que é isso? assalto à mão armada?
E last but not least: dá licença que eu sou toda trabalhada na paciência, mas fala sério!
Que país é esse....
O resto, é tudo minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa.
Problema meu, quem mandou.
Dispenso a culpa, não me serve pra nada.
Agora a conta de luz, a falta de grana, e principalmente o cabelo...tá difícil.
E tem mais.
Sempre quero comer o que não tem.
Eu queria encher a cara de comida japonesa.
Queria casquinha de siri do Noca`s Bar na Praia do Cassino onde passava minhas férias.
Queria uma moqueca baiana.
Queria ceviches peruanos.
Queria comida natureba da Bela Gil.
Queria risoto todo dia.
Queria doces portugueses.
Mas não. Só tem grelhadinho com salada básica.
Aí não tem gratidão que resista.
Mau humor, dá licença?
Amanhã retornamos à programação normal.
Humpf...

Oração para a tartaruga

Hoje eu vi.
Estava na praia, maravilhosa praia de águas transparentes em plena segunda sem lei, e de repente eu vi.
Todos correram para ver.
Veio na correnteza, até a onda trazer para a areia.
Uma tartaruga linda, gigante....
Num primeiro momento, eu esperei sinais de vida, pulei pra perto pronta para ajudar a libertá-la daquela violência que ali estava diante dos meus olhos, mas nada aconteceu.
Em volta dela, muito plástico e até um pedaço de caixa de papelão, preso nesse lixo que descartamos sem dó nem piedade, nesse mar que não é nosso, que pertence a toda essa fauna marinha que vai sendo exterminada por essa indiferença que nos faz cada vez mais arrogantes e egocêntricos.
Achamos que somos os donos de tudo, quando não somos nada além de uma partícula que se desfaz num segundo.
Sei lá.
A onda veio, continuou levando a tartaruga morta, as pessoas se dispersaram, e eu fiquei ali, tão triste.
Quase fui embora.
Mas fiquei.
E mergulhei mais umas tantas vezes, pedindo ao mar que nos perdoe por tanto descaso.
Essa criatura tão bela que me apareceu ali, com sua sublime existência interrompida, parece que veio me dizer tantas coisas.
Coisas que só ela, a grande tartaruga, seria capaz de perceber.

Ela, a tartaruga, vai estar sempre comigo, em minhas orações. 

Grand Jété


De vez em quando saio arrumando os armários, as gavetas...
E aí abri um saquinho, guardado lá em cima, esquecido num cantinho.
O que tem aqui?
Sapatilhas...de meia ponta, de ponta um par só, que eu nem usava tanto, mais contemporânea e jazzística que sempre fui.
Meia ponta, todos os dias, usadas diariamente para a aula base de tudo, o ballet clássico, que eu não gostava tanto e posteriormente aprendi a amar, e já não podia mais viver sem.
Todas cor de rosa amareladas pelo tempo.
Umas já muito gastas, outras nem tanto.
Talvez à espera da próxima aula que acabou não acontecendo.
Gostava delas mais usadas, quase com buraquinhos estratégicos, mas também gostava de costurar os elásticos num brand new pair of Capezio ballet slippers.
E o que fazer com elas agora?
Penso, penso, desapega, desapega...
Acho que não.
Vou guardá-las. Quem sabe?
Às vezes tenho que me segurar na academia, aquele lugar onde a força e a musculatura arrojada sem nenhuma linguagem quase sempre me incomodam.
Vou lá, mando brasa, corro atrás dos prejuízos, já entendi que aos quase sessenta só a musculação salva, mas confesso:
Que vontade de dar um grand jeté no meio daquilo tudo...
Então vou guardá-las, just in case.
Elas ainda são a minha alma, e nunca é tarde para um grand jeté.
Nunca se sabe.



Só memória


Desculpa aí se hoje fiquei assim, só memória.
Tomando o seu tempo pra contar história.
Amanhã quando eu acordar e alguém me chamar eu respondo: 
Presente!
E serei futuro novamente.

A faca e o queijo



Não, eu não sou coerente.
Não, eu não sou consistente.
Não, eu não sou insistente.
Não, eu não sou previsível.
Não, eu não sou invisível.
Não, eu não sou impossível.
Sim, sou mutante, viajante, elegante.
Sim, sou competente, displicente, persistente.
Crente ou descrente, dependendo da lua.
Lua cheia ou crescente, nua e crua, quase minha, toda sua.
Às vezes minguante, chocante, desestimulante.
Mais que isso, não sei o que sou.
Uma borboleta, uma silhueta, um cometa.
Uma bailarina, uma maestrina, um veneno estricnina.
Uma flor, um amor de pessoa, uma louca varrida.
Sei lá o que sou.
Alguém deve saber mais do que eu.
Prefiro nem saber.
É o melhor para poder crescer.

Quem sou (quem sou?)


Sim, sou competente, displicente, persistente.
Crente ou descrente, dependendo da lua.
Lua cheia ou crescente, nua e crua, quase minha, toda sua.
Às vezes minguante, chocante, desestimulante.
Mais que isso, não sei o que sou.
Uma borboleta, uma silhueta, um cometa.
Uma bailarina, uma maestrina, um veneno estricnina.
Uma flor, um amor de pessoa, uma louca varrida.
Sei lá o que sou.
Alguém deve saber mais do que eu.
Prefiro nem saber.
É o melhor para poder crescer.


segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A Louca da Faxina

Hoje é sábado.
Eu podia estar dormindo.
Eu podia estar relaxando.
Eu podia estar passeando.
Mas eu sou a louca da faxina.
Faxina sim, com música, cervejinha, janelas abertas pra deixar a energia circular.
Só faxina mesmo, aquela atividade que nunca termina.
Deve ser por isso.
Sou daquelas que não sabem parar, pessoas que como dizia minha vó, ficam inventando moda.
Essa sou eu, a não ser que esvaziem meu HD e me joguem na beira do mar em algum paraíso perdido por aí, o que não é o caso agora.
Mesmo assim talvez eu fosse catar conchinhas, colher flores para um arranjo, procurar manjericão na horta pra fazer uma graça na cozinha.
Aí na hora de acordar, você pensa:
Que merda. Devia ter dormido mais cedo, parado quieta, devia ter meditado, lido um livro na cama quentinha, tomado um passe, sei lá.
Aí bate um arrependimento, mas no final fica tudo cheirosinho. 

Sobre amêndoas salgadas

Tem dias que é assim, uma segunda-feira indecisa, um dia de inverno carioca, que pode ser só friozinho, ou pode ser geleira, ou nada disso, só um dia normal, nem isso nem aquilo, muito pelo contrário.
Pode até fazer calor.
Um dia em que tudo parece estar começando, ou quem sabe tudo pode estar se acabando, mas a gente não percebe bem a diferença, o que também não faz a menor diferença.
Num dia desses, assim, eu penso:
Eu amo amêndoas salgadas.
Me dê um saquinho delas, e vou sobreviver até a semana que vem.
‪#‎simplesassim‬

Olímpicas

Dear all, ou queridos todos.
Não me condenem pelo inglês, mas gosto desse jeitinho de começar um assunto com todos, e na atual conjuntura preciso usar com muita frequência, então fique à vontade e escolha a sua versão.
Faltam 100 dias.
Não que antes eu já não estivesse, mas aviso que a partir de hoje estou em modo olímpico, e principalmente, paralímpico.
Pense o que quiser, mas não me condene por isso também.
Esse é antes de tudo, o meu trabalho, o meu ganha pão.
O meu, e o de centenas de pessoas.
Alguns, como eu, já percorreram uma longa estrada de eventos realizados, desde a festinha de aniversário do filho no play até a Copa do Mundo, outros tão jovens, recém chegados, olhos assustados diante de tanto trabalho, mas motivados pela ideia de vivenciar assim, bem de pertinho, aquele momento em que todo o suor, a garra e a superação de atletas do mundo inteiro mostrará ao mundo mais uma vez, o que realmente importa nessa vida.
Sim, tudo é crise nesse país, precisamos de tantas coisas, e isso e aquilo, mas lembre-se antes do ataque:
Somos muitos, e estamos trabalhando.
Sim, somos trabalhadores, também.
E a partir de agora, só temos uma bandeira, branca.
Não tirem as crianças da sala, pois quando esse momento mágico da vitória acontece, é tão lindo.
Deixem que elas descubram a emoção, que acreditem que sempre é possível vencer as adversidades, e principalmente as suas próprias dificuldades.
Cada medalha deles, será uma medalha nossa.
Quem me conhece sabe que eu não vim ao mundo à passeio, mas vai que alguém esquece...
Então estou passando aqui só pra avisar, alô mamãe, alô amigos, se eu não aparecer por um tempo, se eu não ligar de volta ou retornar as mensagens, se eu não aparecer na sua festa, se eu sumir da sua vida, está tudo bem, amo vocês mais que tudo.
Mas esse é o maior evento do mundo, e se eu estou aqui doando sangue, não deve ser à toa.
Nunca é.
Deve ser porque alguém, em algum lugar, em algum momento vai precisar de mim.
E onde alguém precisa de mim, é lá que estarei.
‪#‎faltam100dias‬

Mimimi blá blá blá

Nós brasileiros temos uma extensa lista de desesperanças para lamentar aqui.
1: blá blá blá
2: blá blá blá
3: blá blá blá
e por aí vai.
Mas hoje, sei lá.
Prefiro dormir com a minha lista de um item só.
1: A esperança que dê tudo certo no final.
Make it happen.
That`s all folks.
‪#‎nãotrabalhamoscommimimi‬

Where is the love?

Ao longo da vida, vamos acumulando mais do que odiosas gordurinhas indesejadas e rugas de expressão (ou de preocupação, mesmo).
Vamos colecionando tantas perguntas que não querem calar.
É algo assim, para cada duas respostas surgem dez novas perguntas.
Tipo: Quem matou Odete Roitmann?
Resposta: Sei mas esqueci.
Mas sei, ué. Ou já soube um dia, e isso basta.
Ser ou não ser, eis a questão.
Essa nem vale, o cara realmente não tinha o que fazer.
Tem que ser, ponto.
A questão é ser o quê, exatamente.
Aí fica a critério.
Quais são os seus critérios? São diferentes dos meus? Sim, provavelmente são.
Isso faz alguma diferença? Sim, faz, nem sempre deveria fazer, mas sempre faz.
Só aí, pronto, um milhão de perguntas surgem, todas sem resposta.
Tem uma então que não cala desde o final da década de 70.
O que foi feito, amigo, de tudo que a gente sonhou
O que foi feito da vida, o que foi feito do amor?
Pois é.
Sem essa resposta, não vamos a lugar nenhum.
Pluct Plact Zum.
‪#‎whereisthelove‬?

Preguicinha de humanos

Pensando seriamente em adotar um animalzinho de estimação.
Pode ser cachorro, gato, cacatua, papagaio, peixinho dourado, um grilo falante, uma centopéia, de repente convido até o gambá feioso pra bater um papo assim gostoso com alguém....no caso eu, que ando com uma preguiça inenarrável do ser humano.
Claro que não estou aqui falando dos meus amigos deliciosos, nota dez em todos os quesitos que fazem a diferença, dentre os quais um inabalável senso de humor, a capacidade de se dar a devida desimportância, os que reconhecem seus defeitos, que riem de si mesmo, e que dizem para os próprios umbigos: dá um tempo, que vou ali dar uma força pra geral e pode ser que eu demore pra voltar.
Se é que vocês me entendem. 
Ô coisa difícil, sô.

Lá onde?

A gente sempre chega lá.
Mas só descobre onde é lá quando chega.
Aí a gente resolve se fica ou se vai.
Às vezes tenho a sensação que nunca fico lá, quando chego.
Sempre sigo adiante.
Gira a roda de novo, próxima estação.
Estou sempre chegando e sempre partindo.
Ao mesmo tempo, às vezes tenho a sensação de que estou só aqui mesmo, sem sair do lugar.
E aí de repente quando menos espero já não estou mais aqui.
Mudam as paisagens, as pessoas, mudo eu.
E aqui já não é mais, e lá parece tão longe.
Mas um dia eu chego lá.
Só não sei bem aonde.
Aqui é dentro, lá é fora.
E isso é tudo que sei.

Precisa-se de corações

Constatação do dia:
Preciso de mais um coração, mais uns dez corações talvez.
Um só não cabe tanta gente.
‪#‎oneheart‬ ‪#‎nãocabe‬

Olímpicas, tudo amassado

Chego em casa toda amassada no meu uniforme olímpico.
Tá tudo amassado, eu, meu uniforme, minha cara está amassada além do que já ficou com o passar dos anos.
Ainda nem começou, dizem...sabem de nada, inocentes.
Meu coração também anda amassado, tenho saudades da filha que mora na Glória, da filha que mora em SP, da filha que mora em casa e quase não vejo mais, da minha mãe que mora logo ali em frente.
Descubro que hoje é dia do amigo.
Sinto saudades dos amigos também, estou em falta com todos, perco a mensagem no whatsapp, perco o aniversário, perco a piada, o encontro, o abraço, a oportunidade de revê-los.
Saibam que amo vocês meus amores da vida!!!!
Perco o sono. Perco a linha. Perco até a compostura, às vezes.
Mas não me perco de mim mesma, eu nunca me dou trégua.
Se tem alguém que me incomoda, sou eu mesma.
Vai dormir, Patricia.
Sinto falta da minha praia, de um mergulho, do sol esquentando a alma, de um cineminha, de uns bons drinks, de ganhar a estrada, sair de campo, pendurar as chuteiras, de ler um livro, de fazer nada, sinto falta até de certas chatices tipo ir ao mercado.
Mas é que é assim:
Ajoelhou tem que rezar.
Missão dada é missão cumprida.
Quem sai na chuva é pra se molhar.
Não vim ao mundo a passeio.
E por aí vai.
Tenho certeza que dentro de mim tem um botão secreto, que é acionado por uma força estranha, todas as vezes que eu sinto que não vai dar mais.
Aí levanto e vou, nem sei se respiro, se ainda estou viva, parece que sim, acho que ainda tem um restinho de gás, vamos lá, no final sempre dá.
E agora eu quero ser só mais uma nessa multidão de amarelinhos comprometidos que embarcaram nessa viagem, me divertir, botar pra quebrar, deixar a vida me levar, dar as mãos para essa galera doida que nem eu e entregar os Jogos.
Desculpem a ausência, só fui ali e já volto.
Boa sorte para todo esse montão de gente linda e trabalhadora que não tem medo de nada e faz acontecer.
Feliz aniversário, Feliz Natal, Feliz Páscoa, Feliz dia do Amigo, Feliz tudo para todos.
Até breve.
‪#‎smack‬

Olímpicas

Pois é. 
Antes de mais nada, veja bem, não estou aqui para defender ou acusar, não é porque visto um uniforme amarelo, não é porque trabalho mais de 12 horas por dia sem trégua, não é por isso ou por aquilo.
Mas observo, que é o que uma virginiana faz.
Observo a mídia caindo de pau, observo o enjoo absoluto das pessoas, observo tantas coisas que já vi antes acontecendo de novo, a negatividade, a reação agressiva diante da realização dos Jogos Olímpicos.
Lembro do dia em que a cidade, o país chorou de emoção quando o Rio de Janeiro saiu de dentro de um envelope em 2009.
Nos sentimos tão especiais, os primeiros Jogos na América do Sul, aqui na cidade maravilhosa.
Sete anos depois, apodrecemos lentamente, quase irreversivelmente.
Não acreditamos mais em nada, está tudo no lugar errado.
Cada um de nós tem sempre a sensação de estar no lugar errado, todos os dias, a cada notícia, a cada trapaça, a cada jogo sujo que nos rouba um pedaço dos nossos sonhos.
Essa é a questão.
Ninguém lembra dos atletas que se prepararam anos para estar aqui, muitos em condições precárias, ninguém parece perceber os sonhos dessas pessoas que não tem culpa dessa lama em que chafurdamos e que chegaram até aqui para brilhar.
O foco é só na podridão, o que muitas vezes é o resultado do mau uso que fazemos das urnas, detestamos políticos que estão onde estão por conta dos votos recebidos, problemas que são nossos e nunca somos capazes de gerenciar a cada eleição.
Não gostamos de ver a nossa própria imagem refletida no espelho, essa é a verdade, e é sempre mais fácil desviar o foco.
Fazemos tudo errado e depois vamos procurar em quem jogar a culpa, que é sempre mais confortável, principalmente quando o debate se esconde nas teias das redes sociais.
E enquanto nos degladiamos nas arenas da discórdia, vamos perdendo uma chance única de presenciar o encanto, o exemplo de garra e superação que o esporte traz, a trégua entre as nações que estarão reunidas aqui para celebrar a vida e mostrar que podemos ser muito melhores do que tudo isso que ganha diariamente as manchetes dos jornais no mundo todo.
Que pena.
Mas né? Fazer o quê...vamos até o fim, e tomara que sirva para mudar a vida de uma única criança desse país.
Boa noite.

Quem é o Bispo?

Tem horas em que eu me sinto exatamente como aquela menininha atômica andando de bicicleta pelas ruas de Copacabana, joelhos ralados de tantos tombos e manobras radicais, liderando uma turminha da pesada a fim de se divertir e aprontar muito.
Pulando corda, elástico, reinventando brincadeiras, correndo riscos, dando risada, levando todo mundo pra dentro da portaria de pilotis e mármores, subindo nos muros de pedra que eram quase castelos medievais, desbravando jardins como se fossem florestas, sem medo de onças e dragões, só de barata cascuda que ainda hoje é só do que tenho um pavor absoluto, sem grades.
Sem grades eu vivi a minha infância.
Deve ser por isso que estou aqui fazendo o que faço hoje, chegando perto de seis décadas de vida.
Era uma menina atrevida que não enxergava limites.
Hoje eu acho que não existem mesmo.
Os limites, as grades, o peso das coisas, é tudo a gente mesmo que inventa.
E aí a gente leva um tombo, rala os joelhos, passa merthiolate, faz cara feia, levanta e sacode a poeira, dá a volta por cima e reinventa a brincadeira.
Dizem que isso se chama resiliência, mas acho meio esquisita essa palavra.
Prefiro chamar de fé na vida, de pé na tábua, de vamos nessa, de pode vir quente que eu estou fervendo...
Sei lá. You name it.
Liberdade talvez.
E quem quiser que venha junto.
E quem não quiser que vá reclamar com o Bispo.
Aliás, quem é o Bispo mesmo?


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No problem

Constatação do dia (ou da noite, não sei mais):
Nasci para resolver todos os problemas de todas as pessoas e situações de todas as galáxias.
Menos os meus.
Deve ser porque não tenho nenhum problema. 
Não tenho muita certeza disso...e também não sei porque não estou dormindo ainda.
Deve ser porque problemas tiram o sono, mas se não os tenho porque não durmo?
Cartas para a redação.
Boa noite, bom dia.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Zotto dancing milonga at Tango Magia 15

Preciso ou quero?

QUERO OU PRECISO 

Preciso, nem sempre quero, mas preciso.
Preciso o quê?
Parar de fumar, por exemplo. Querer não quero, mas preciso.
Voltar a dançar. Preciso, e quero muito, mas me falta tempo, e grana.
Aliás, estou reivindicando uma bolsa-dança, terapia melhor não há, 80% dos problemas causados por stress de qualquer ordem seriam facilmente resolvidos.
Preciso gostar menos de uma cervejinha gelada, de um vinhozinho maravilhoso na hora certa (sempre é a hora certa), e aprender a gostar mais de suco verde.
Sério...como dizia Tom Jobim, cá entre nós, suco verde é bom mas é ruim.
Preciso aceitar que a idade chega para todos, aliás já aceitei, não que eu queira mas não tem outro jeito, porém continuo achando que posso ser muito melhor do que sou agora.
Preciso malhar, mas não quero. Quero dançar, fazer o quê?
Preciso entender a humanidade. Quero muito, mas tenho uma certa preguiça, poham, ô gente complicada.
Hoje por exemplo: só quero dormir e procrastinar.
Amanhã eu preciso fazer muitas coisas, mas hoje preciso só descansar.
Preciso antes de mais nada, pagar, pagar, pagar muito caro, pra depois chutar o balde, preciso muito chutar o balde, e viver a vida que vale a pena ser vivida.
Mas primeiro tenho que pagar um preço que só faz aumentar, o preço pelas pedras que joguei na cruz algum dia, ou talvez por quando fui Maria Antonieta um dia (todas nós fomos, não?), ou uma maluca qualquer que deixou a conta pendurada para a próxima vida, e sobrou pra mim.
Preciso pagar meus pecados, apesar de ter sido também Joana D`Arc (todas nós fomos, não?) queimada viva na fogueira, mas parece que não bastou.
Preciso de você, e que você também precise de mim.
Mas só se eu quiser, e se você quiser também, senão não preciso de nada.
É que às vezes, precisar não precisa, mas a gente quer, fazer o quê?
Ou não quer, mesmo que precise.
‪#‎fazeroquê‬?

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Caixinha de música

A MALA E A CAIXINHA DE MÚSICA

Quando escuto músicas que me acompanham por toda a vida, lembro sempre da mala do meu pai.
Aquela mala geladinha, com cheiro de avião recém pousado, foi por muito tempo a minha caixinha de música.
Meu pai, um comandante da Varig nos tempos em que a aviação era quase uma experiência poética, desde que nasci voava para New York.
Sempre que voltava, trazia a mala repleta de discos, encomendados por um amigo dono de uma boate famosa nos anos 60, e de dentro saíam preciosidades, as bolachas de 45 rpm, aqueles disquinhos com buraco grande que precisavam de adaptador para tocar na vitrola (!!!).
A mala se abria em cima da cama, e aquilo já era pra mim um momento de êxtase, ali estava toda a soul music da Motown, todos os singles recém lançados dos Beatles e Stones, além dos LPs que eram da casa, de Louis Armstrong a Frank Sinatra, e novidades que trazia pra nós porque “o cara da loja disse que era bacana e que os jovens iam gostar”.
E era mesmo, tinha Creedence, Santana e por aí vai.
Mais tarde, entrei no circuito e era eu quem fazia as encomendas, e lá vinha a mala cheia de álbuns de rock e blues da década de 70, envoltos naquele filme fininho transparente que eu abria com a pontinha da unha, para degustar não só a música mas toda a arte gráfica das capas e encartes com as letras.
Às vezes descobria sons aleatoriamente, escolhendo coisas que nem conhecia bem nos catálogos da King Records, a loja da época, e que me traziam surpresas incríveis.
Fora da mala, só a música brasileira, que eu comprava ali mesmo na Copadiscos, na Av. Copacabana, onde todos os dias eu batia um ponto pra ouvir alguma coisa.
Um tempo depois, quando eu já morava em New York, a mala continuava chegando, agora na neve, cheia de Caetanos e Miltons e pedaços de verão pra aquecer a alma gelada.
Mas a mala...que falta ela me faz.
Acima de tudo, que falta me faz o meu pai, o seu sorriso, o seu assovio bem humorado e carinhoso anunciando a chegada da mala, a minha caixinha de música.
‪#‎saudades‬

segunda-feira, 30 de março de 2015

Ventos

Esse vento quente fica soprando nos meus ouvidos, me dizendo coisas tão contraditórias...
Uma hora ele diz: vai lá, vai à luta, perde os pudores, perde os escrúpulos, se vira, vira do avesso, de cabeça pra baixo, assina embaixo, use suas armas, seu escudo, seu colete à prova de golpes rasteiros.
Outra hora ele diz: vai lá, chuta o balde, vai pra praia, vai dançar, se despe, desapega, dá um grand jeté, salta longe, salta fora, faz uma oração, entrega pra Deus, deixa a vida te levar...
Vida leva eu, vida louca vida.
Não sei se devo dar ouvidos ao vento quente ou esperar o dia em que a chuva vai cair até refrescar a pressão, as angústias e inquietudes, até molhar a grama, amansar essa espera de florescer, mudar esse tom seco e imperativo que demanda providências imediatas a cada segundo, que me pede mais do que tenho a ofertar, que precisa de soluções justo agora que a meteorologia da vida não prevê nenhuma mudança pelos próximos tempos, não ainda.
Não agora. Mas quando? Se eu soubesse...
Vento que me engana, me distrai, me enfeitiça, vento que me leva em qualquer direção.
Qualquer direção não me serve, faz tempo que não me serve qualquer coisa.
Só quero que o vento me diga toda a verdade e nada mais, e que vire brisa soprando fresca e tranquila, doce e quieta como a música dos deuses.
Suave como a vida deve ser.
Se for pedir muito, então venta logo bem forte e me leva para o alto, que eu dou um jeito de voar.

20 coisas

Seguindo a tendência das 20 coisas que se pode perceber quando isso, ou aquilo acontece (ou não) ou qualquer outra coisa temática que se possa imaginar, listo aqui 20 coisas que você descobre nas horas mais difíceis da vida:
1: Sempre pode ficar pior;
2: Pode melhorar também, mas você não sabe quando;
3: Quase todo mundo desaparece, mas sempre existe um anjo; 
4: Você é mais forte do que jamais foi capaz de imaginar;
5: Também é capaz de perder todas as forças em segundos, mas ninguém vai perceber;
6: Aprenderá a viver um dia de cada vez;
7: O que não tem solução, solucionado não está;
8: Aí nesse caso é uma coisa de cada vez;
9: Se não for, não era pra ser, o que tiver que ser será;
10: Atividades prosaicas como cozinhar e fazer faxina são altamente recomendáveis;
11: Aprenda que Deus não está disponível somente para as suas preces, e pode demorar...não perca a fé;
12: Jogue na Mega Sena, mas em hipótese alguma conte com isso;
13: Se existe algum significado para isso tudo, se resume ao aprendizado;
14: Aprenda a conviver com a frase “não está fácil pra ninguém”, mesmo que isso não seja verdade;
15: Paciência é uma palavra chave, resiliência então nem se fala;
16: Não atribua culpa a nada nem a ninguém, é tudo seu, aliás, elimine a palavra culpa;
17: Não esqueça de amar todos os dias as poucas pessoas fundamentais na sua vida (você saberá quem são), elas torcem por você;
18: A música é terapêutica e imprescindível, o mar também;
19: Olhe para si mesmo e nunca se esqueça de quem é;
20: Isso também passará.
That´s all folks.
Boa noite.

Os joelhos

Ah, os joelhos...
Joelhos são os primeiros a emitir sinais de que o tempo está passando, e tudo sempre vai depender de como você soube usá-los, até que eles comecem a reclamar, mas quem se importa com isso?
Quem há de ter sido tão sem graça na vida a ponto de não pular corda na infância, de não dançar como se não houvesse amanhã, de não saltar de alegria quando é gol, seja o seu gol ou do Brasil (que ultimamente nem é o caso), tudo isso sem o devido alongamento.
Saco...já pensou? Primeiro alongo, depois comemoro, fala sério...
Quem não correu na areia ou no asfalto, seja pra ficar em forma ou simplesmente pra correr atrás mesmo, atrás de tudo que é inevitável correr atrás, quem não pulou pedras, seja por pura diversão ou porque as pedras estão simplesmente atravancando o seu caminho, sendo essas geralmente as mais escorregadias, e quantas vezes você vai cair de mau jeito, e vai levantar assim, toda torta mesmo, e prosseguir.
Usei e abusei dos meus joelhos, eu sei, e talvez até me aconselhem a trocar por outro.
Aí eu vou lá e troco, e continuo a usar, porque sou mesmo muito abusada.

Impressionada

A grande conquista que realmente percebi até agora no Brasil, que infelizmente tomou conta das pessoas como um espírito ruim, e que está em todos os níveis de classes sociais, sejam ignorantes, analfabetos, pobres, negros, elites brancas, azuis ou amarelas, letrados, intelectuais ou os "pseudo" qualquer coisa que pensam saber de tudo, classe média, baixa ou alta, classe A, B, C ou D ou o cacete, é a triunfal volta do preconceito, da intolerância, da incapacidade de refletir e analisar fatos e argumentos independente de posições partidárias, de debater qualquer discordância sem que todos se pareçam com crianças malcriadas que mordem os amiguinhos na creche, essa terrível incitação ao ódio, essa agressividade absurda, essa cegueira que se recusa a ver, esse Fla x Flu ridículo agora denominado Coxinhas x Petralhas.
Eu acho tudo patético.
Mas quem sabe um índio descerá de uma estrela colorida brilhante...

Bandeira Branca

Minha camisa não é verde e amarela, não é azul nem vermelha.
Minha camisa é branca, bandeira branca amor.
‪#‎nãopossomais‬

Asilo

Se eu vier a cruzar definitivamente a linha da terceira idade, porque sei lá, pode ser que sim, pode ser que não, penso num projeto revolucionário para mudar definitivamente o conceito de asilos.
Começando pelo local é claro, muito, mas muito perto do mar.
Tranquilo, talvez baiano, ou catarinense, mas seja onde for, que esteja adaptado com toda a tecnologia de imagem, som, e conexões com as informações sobre a evolução, ou a involução, do mundo lá fora, dependendo do ponto de vista.
Então se liga, saberemos de tudo, mas muito pouco disso tudo que acontece lá fora nos afetará.
Estaremos mais ocupados com música, muita música, e cores, muitas cores, e dançaremos com o que nos sobrar de movimentos, mesmo que seja só balançando a cabeça.
Poderemos usar drogas de qualquer categoria, viajar sem sair do lugar seja para onde for, não teremos mais nada a perder, sendo esse quesito opcional, uns bons drinks já cumprem sua função terapêutica e libertadora.
Um (a) excelente Chef, uma cozinha extraordinária.
Atendimento médico para casos de defeitos, massagens e óleos aromáticos, alongamentos e exercícios de puro prazer.
Uma UTI móvel talvez, mas aí será opcional, se por acaso enxergarmos o túnel de luz e acharmos que pode ser mais divertido, seguiremos sem medo.
Não seremos de mais ninguém, e ninguém nos pertencerá mais, e assim seremos um por todos, todos por um, porém cada um no seu quadrado, lençóis cheirando a lavanda, duchas poderosas, tudo lindo.
Desde já precisamos pensar em patrocínios, produção, infraestrutura.
Agora, para entrar nesse asilo, aviso logo: os critérios de seleção serão extremamente rigorosos, sendo que algumas pessoas estão pré-aprovadas por méritos já conquistados, e elas sabem quem são.
Será obrigatório largar pra trás todas as chatices, todas as neuroses, todas as opiniões formadas sobre tudo, todas as cracas que foram se agarrando em você, e querer daí em diante, viver para criar o seu grand finale.
Não é pra qualquer um. Quem vai bancar? Sei lá...
Um crowdfunding talvez, e imagina o que seria ter a sua marca estampada nesse modelo inovador de envelhecimento, a reinvenção da vida após a vida vivida?
Rsrs...ando muito desocupada mesmo.
Ah!!! Muito Importante: Todos os créditos desse projeto são dedicados a minha querida Tia Gel, irmã do meu saudoso pai, que vive lá em Garopaba e sempre me falava dessa idéia, a qual chamava de “Motelho”, uma espécie assim de motel para os velhos que querem simplesmente aproveitar o que lhes resta da vida com alegria e prazer.
Suzana MullerLoivo Carlos MullerLuis Roberto Muller, queridos primos, digam a ela que o delírio que escrevo agora tem tudo a ver conosco, ela sendo a detentora principal de um espírito único com o qual sempre me identifiquei, e ela sabe disso.
Vai que dá certo...
Tia Gelcy e eu, tudo a ver. O resto é cópia.

Coisas de uma certa menina

Coisas que uma certa menina gostaria de fazer:
Escrever um livro, ler um livro;
Plantar uma hortinha de ervas, inventar e executar receitas;
Fazer aulas de pilates e dança todos os dias;
Viajar para uma cidade do Brasil uma vez por mês, viajar para uma cidade do mundo a cada três meses;
Dar um mergulho e rezar todos os dias para o resto da vida;
Ter a certeza de que todas as pessoas que amo estão bem e felizes para brindarmos (pode ser uma vez por semana mesmo);
Pensar em soluções, parar de botar a culpa em mim.
Coisas que uma certa menina precisa fazer:
Trabalhar muito, mas muito mesmo, arrancar o couro se preciso for;
Ganhar dinheiro, ou até merrecas, para pagar as contas e despesas cada vez mais escorchantes;
Parar de fumar, de sonhar e de reclamar;
Ficar muito, mas muito esperta, tomando mais cuidado com os desavisos, os bueiros sem tampa, as encruzilhadas, e as más intenções;
Tomar consciência do tempo que passou e não ficar subindo no banquinho pra fazer qualquer coisa e ferrar o joelho;
Lembrar há quanto tempo não falo com essas pessoas que amo e zerar esse tempo perdido, mesmo que seja por um segundo de um longo abraço;
Não pensar em problemas, parar de botar a culpa nos outros.
Então... o joguinho é esse: cruzar os pontinhos, num é que uma coisa depende da outra?

Todo dia é dia

Sobre o dia ontem, mulheres e tal, last, but not least:
A gente fala pelos cotovelos, chora muito, morre de rir, a gente se vangloria de tantas coisas, mulheres que somos, mas eles, os homens, também estão de parabéns, aliás quando é mesmo o dia deles?
Parabéns vai para todos os seres humanos que evoluem no amor e na paz, na busca por um mundo mais justo e uma vida mais plena, sejam de que sexo for, qual a sua opção sexual, ou cor ou raça ou religião ou faixa etária ou qualquer outro rótulo chinfrim que algum ignorante um dia nos enfiou goela abaixo, e que às vezes nos impossibilitam de compreender o que realmente está escrito nas entrelinhas de cada alma, essa baboseira toda que semeia preconceitos e nos torna incapazes de enxergar a diferença que cada um pode fazer.
Não existe um único motivo para homenagear todas as mulheres, nem todos os homens, nem todas as pessoas, não somos nada sem o outro.
E na verdade, o que acontece é que nem sempre todas nós, e nem todos eles, faz por merecer tantas deferências...alguns sim, outros não, tenho certeza que você sabe bem disso.
Fica então meus parabéns, a cada dia, somente para as criaturas do bem que não estão aqui a passeio.
O resto pode jogar no triturador, vai que vira um bom adubo.
‪#‎tododiaédia‬

Avesso

Não sou esquerda, nem direita, nem centro, nem em cima, nem embaixo, nem dentro nem fora, nem mais pra lá nem mais pra cá.
Muito pelo contrário.
Eu sou assim, que nem Sampa de Caetano, o avesso do avesso do avesso do avesso.

Bruschettas

Bruschettas proletárias, operárias, sem a mínima nobreza, bruschettas classe XYZ.
Bruschettas que planejei dias antes, comprando tomates, shitakes, manjericão, temperos, azeite e pimentas a postos, e que hoje, ao ouvir o grito da fome tardia na noite de sexta, apesar de ainda estar enrolada nas missões, finalmente sairia do mundo da imaginação para se tornar uma saborosa realidade.
Entrei em casa e quase já fui de novo, amiga chamando para o jazz, mas tem o cachorrinho pedindo cuidados ainda, só eu, mais ninguém, então fiquei.
O pão...o pão já estava aqui, um pão italiano, como deve ser.
Mesmo assim, o pãozinho francês (ele é francês mesmo??? quem disse?), estava simpático e douradinho, recém saído do que se poderia chamar de padaria na Barra.
(A gente sempre compra o pãozinho saído do forno, assim quentinho, mesmo que não vá comer naquele ou em qualquer outro momento, não existe nada mais sedutor nesse mundo, que seja só para passar uma manteiguinha)
Só??? Só isso já é tudo!
Mas então, as bruschettas...tudo devidamente cortadinho, temperado, doses exatas de pedacinhos suculentos prontos para derramar no pão italiano...
Quando abri o pacote, o pão, italiano e perfeito para as bruschettas, todo mofado.
Olhei para um lado, para o outro, quase atônita...e lá estava o prosaico pãozinho francês recém comprado na pseudo padaria da Barra, douradinho, cheiroso e crocante.
Não deu outra, fatiei em quartos, joguei o azeite, todas as apetitosas misturas por cima e voilà!
Bruschettas improvisadas e deliciosas, bruschettas sem culpa, sem nenhuma obrigação de merecerem um rótulo de legitimidade.
Bruschettas que não são, feitas com qualquer coisa para saciar uma fome sem vaidades.
Moral da história: Sempre existe uma saída.

Sudoeste

Sentindo o sudoeste ventando forte na diagonal da minha sala, provocando arrepios.
Acabou mesmo o verão.
Não posso dizer que gosto.
O calor me expande, mesmo com todo o desconforto, é chuva de prata no final da festa, é brilho e alegria.
O frio me encolhe, e me transforma numa tartaruga que esconde a cabeça dentro do casco.
É legal também, a introspecção traz conhecimentos, mas é que eu sou muito exibida.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Desassossegada

Eu não tenho essa saudade, esse desejo de voltar no tempo, o que passou, passou.
Essa nostalgia de décadas passadas, de vidas já vividas, de comportamentos em contextos tão diferentes dos estão aí hoje, isso eu não tenho.
Just walk and don´t look back.
O que eu tenho mesmo é uma dificuldade em entender onde foi que se perdeu a gentileza, que nós são esses que nos amarram, porque tantas encruzilhadas, não entendo de onde vem as muralhas que nos separam uns dos outros, os valores tão vazios que esse maravilhoso mundo novo criou, onde cada um só cuida de si, onde não há tempo pra refletir, onde não existem escolhas a fazer, onde seu destino já está traçado, onde você acorda de manhã e tudo já está programado.
E se você não se adapta a esse sistema míope de realidade é imediatamente excluído, passa a viver à margem dos acontecimentos, e longe das pessoas e de suas zonas de conforto.
As pessoas não querem se envolver com nada que não seja borbulhante como brindes de champagne já que qualquer coisa mais profunda do que isso se torna desconfortável, e é aí que a ignorância passa a ser quase uma dádiva, uma rota de fuga.
Então é assim, sempre mais fácil não dizer o que se pensa e o que se sente verdadeiramente, é sempre mais fácil aderir, se adaptar, calar e se submeter, e nesse momento é que tenho saudade, uma saudade de quebrar as regras, de não corresponder às expectativas, de mudar o rumo dessa prosa, de tomar um atalho, de dizer não, isso eu não quero, e dizer sim, isso me encanta, é pra lá que eu vou.
Não tenho saudade do que já fui, tenho só o desejo de continuar sendo livre para escolher a minha dose de emoção.
Sou assim, eternamente desassossegada.






quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

No es por ti - Grupo Corpo (Lecuona)

Sempre em setembro

Talvez por acaso, talvez não, eu nasci em setembro, e abaixo da linha do Equador, o que é ainda melhor.
Um tempo de esperar a primavera, com seus perfumes que chegam renovando verdes e cores.
Talvez também não por acaso, cheguei ao mundo fazendo parte dessa intrigante categoria denominada virginianos, seres estranhos do elemento Terra, perfeccionistas, críticos, generosos, frequentemente muito chatinhos, e de acordo com algumas vertentes, muito organizados, o que poderia ser facilmente desmentido por qualquer um que tenha acesso aos meus armários.
Deve ser culpa do tal do ascendente, esse que eu ainda não tive o prazer de conhecer, o responsável por essa predominante preguiça de arrumar as coisas por dentro, quem sabe como um mecanismo de preservação dos sonhos.
Talvez seja isso...a razão pela qual eu nem sempre consiga dizer a todos que guardo nas minhas gavetinhas o quanto eu os amo, e agradecer por fazerem parte da minha vida de uma maneira ou de outra, todos igualmente importantes, estejam lá no fundo há algum tempo ou recém guardados...
Então é agora, nesse exato momento que recebo tantas mensagens de carinho, que aproveito para desejar a cada um de vocês toda essa felicidade em dobro e uma primavera repleta de boas novidades.
Um beijo a todos! boa noite que amanhã já é hoje.