segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Quem é o Bispo?

Tem horas em que eu me sinto exatamente como aquela menininha atômica andando de bicicleta pelas ruas de Copacabana, joelhos ralados de tantos tombos e manobras radicais, liderando uma turminha da pesada a fim de se divertir e aprontar muito.
Pulando corda, elástico, reinventando brincadeiras, correndo riscos, dando risada, levando todo mundo pra dentro da portaria de pilotis e mármores, subindo nos muros de pedra que eram quase castelos medievais, desbravando jardins como se fossem florestas, sem medo de onças e dragões, só de barata cascuda que ainda hoje é só do que tenho um pavor absoluto, sem grades.
Sem grades eu vivi a minha infância.
Deve ser por isso que estou aqui fazendo o que faço hoje, chegando perto de seis décadas de vida.
Era uma menina atrevida que não enxergava limites.
Hoje eu acho que não existem mesmo.
Os limites, as grades, o peso das coisas, é tudo a gente mesmo que inventa.
E aí a gente leva um tombo, rala os joelhos, passa merthiolate, faz cara feia, levanta e sacode a poeira, dá a volta por cima e reinventa a brincadeira.
Dizem que isso se chama resiliência, mas acho meio esquisita essa palavra.
Prefiro chamar de fé na vida, de pé na tábua, de vamos nessa, de pode vir quente que eu estou fervendo...
Sei lá. You name it.
Liberdade talvez.
E quem quiser que venha junto.
E quem não quiser que vá reclamar com o Bispo.
Aliás, quem é o Bispo mesmo?


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