Hoje eu vi.
Estava na praia, maravilhosa praia de águas transparentes em
plena segunda sem lei, e de repente eu vi.
Todos correram para ver.
Veio na correnteza, até a onda trazer para a areia.
Uma tartaruga linda, gigante....
Num primeiro momento, eu esperei sinais de vida, pulei pra
perto pronta para ajudar a libertá-la daquela violência que ali estava diante
dos meus olhos, mas nada aconteceu.
Em volta dela, muito plástico e até um pedaço de caixa de papelão, preso
nesse lixo que descartamos sem dó nem piedade, nesse mar que não é nosso, que
pertence a toda essa fauna marinha que vai sendo exterminada por essa
indiferença que nos faz cada vez mais arrogantes e egocêntricos.
Achamos que somos os donos de tudo, quando não
somos nada além de uma partícula que se desfaz num segundo.
Sei lá.
A onda veio, continuou levando a tartaruga morta,
as pessoas se dispersaram, e eu fiquei ali, tão triste.
Quase fui embora.
Mas fiquei.
E mergulhei mais umas tantas vezes, pedindo ao mar
que nos perdoe por tanto descaso.
Essa criatura tão bela que me apareceu ali, com sua
sublime existência interrompida, parece que veio me dizer tantas coisas.
Coisas que só ela, a grande tartaruga, seria capaz
de perceber.
Ela, a tartaruga, vai estar sempre comigo, em minhas orações.
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