Diário
de bordo:
Hoje acordei num mau humor que não me atacava há tempos.
Primeiramente: bad hair day.
Pensa. Não tem nada pior.
Segundamente: dinheiro sai, jorra por todas as frestas com uma facilidade, mas
dinheiro não entra.
O que significa que o bad hair day tende a piorar, o que é um prenúncio de mau
humor crônico.
Terceiramente: conta de luz...o que é isso? assalto à mão armada?
E last but not least: dá licença que eu sou toda trabalhada na paciência, mas
fala sério!
Que país é esse....
O resto, é tudo minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa.
Problema meu, quem mandou.
Dispenso a culpa, não me serve pra nada.
Agora a conta de luz, a falta de grana, e principalmente o cabelo...tá difícil.
E tem mais.
Sempre quero comer o que não tem.
Eu queria encher a cara de comida japonesa.
Queria casquinha de siri do Noca`s Bar na Praia do Cassino onde passava minhas
férias.
Queria uma moqueca baiana.
Queria ceviches peruanos.
Queria comida natureba da Bela Gil.
Queria risoto todo dia.
Queria doces portugueses.
Mas não. Só tem grelhadinho com salada básica.
Aí não tem gratidão que resista.
Mau humor, dá licença?
Amanhã retornamos à programação normal.
Humpf...
Escrevo para não deixar os pensamentos voarem, para que não se percam de mim, para que a comunicação com as pessoas permaneça ativada. Uma milonga assim, bem dançada no ritmo do amor e da paz, lúcida mas acima de tudo, relaxada e aberta, feita só para degustar.
quarta-feira, 10 de outubro de 2018
Oração para a tartaruga
Hoje eu vi.
Estava na praia, maravilhosa praia de águas transparentes em plena segunda sem lei, e de repente eu vi.
Todos correram para ver.
Veio na correnteza, até a onda trazer para a areia.
Uma tartaruga linda, gigante....
Num primeiro momento, eu esperei sinais de vida, pulei pra perto pronta para ajudar a libertá-la daquela violência que ali estava diante dos meus olhos, mas nada aconteceu.
Em volta dela, muito plástico e até um pedaço de caixa de papelão, preso nesse lixo que descartamos sem dó nem piedade, nesse mar que não é nosso, que pertence a toda essa fauna marinha que vai sendo exterminada por essa indiferença que nos faz cada vez mais arrogantes e egocêntricos.
Achamos que somos os donos de tudo, quando não somos nada além de uma partícula que se desfaz num segundo.
Sei lá.
A onda veio, continuou levando a tartaruga morta, as pessoas se dispersaram, e eu fiquei ali, tão triste.
Quase fui embora.
Mas fiquei.
E mergulhei mais umas tantas vezes, pedindo ao mar que nos perdoe por tanto descaso.
Essa criatura tão bela que me apareceu ali, com sua sublime existência interrompida, parece que veio me dizer tantas coisas.
Coisas que só ela, a grande tartaruga, seria capaz de perceber.
Ela, a tartaruga, vai estar sempre comigo, em minhas orações.
Estava na praia, maravilhosa praia de águas transparentes em plena segunda sem lei, e de repente eu vi.
Todos correram para ver.
Veio na correnteza, até a onda trazer para a areia.
Uma tartaruga linda, gigante....
Num primeiro momento, eu esperei sinais de vida, pulei pra perto pronta para ajudar a libertá-la daquela violência que ali estava diante dos meus olhos, mas nada aconteceu.
Em volta dela, muito plástico e até um pedaço de caixa de papelão, preso nesse lixo que descartamos sem dó nem piedade, nesse mar que não é nosso, que pertence a toda essa fauna marinha que vai sendo exterminada por essa indiferença que nos faz cada vez mais arrogantes e egocêntricos.
Achamos que somos os donos de tudo, quando não somos nada além de uma partícula que se desfaz num segundo.
Sei lá.
A onda veio, continuou levando a tartaruga morta, as pessoas se dispersaram, e eu fiquei ali, tão triste.
Quase fui embora.
Mas fiquei.
E mergulhei mais umas tantas vezes, pedindo ao mar que nos perdoe por tanto descaso.
Essa criatura tão bela que me apareceu ali, com sua sublime existência interrompida, parece que veio me dizer tantas coisas.
Coisas que só ela, a grande tartaruga, seria capaz de perceber.
Ela, a tartaruga, vai estar sempre comigo, em minhas orações.
Grand Jété
De vez em quando saio
arrumando os armários, as gavetas...
E aí abri um saquinho, guardado lá em cima, esquecido num cantinho.
O que tem aqui?
Sapatilhas...de meia ponta, de ponta um par só, que eu nem usava tanto, mais contemporânea e jazzística que sempre fui.
Meia ponta, todos os dias, usadas diariamente para a aula base de tudo, o ballet clássico, que eu não gostava tanto e posteriormente aprendi a amar, e já não podia mais viver sem.
Todas cor de rosa amareladas pelo tempo.
Umas já muito gastas, outras nem tanto.
Talvez à espera da próxima aula que acabou não acontecendo.
Gostava delas mais usadas, quase com buraquinhos estratégicos, mas também gostava de costurar os elásticos num brand new pair of Capezio ballet slippers.
E o que fazer com elas agora?
Penso, penso, desapega, desapega...
Acho que não.
Vou guardá-las. Quem sabe?
Às vezes tenho que me segurar na academia, aquele lugar onde a força e a musculatura arrojada sem nenhuma linguagem quase sempre me incomodam.
Vou lá, mando brasa, corro atrás dos prejuízos, já entendi que aos quase sessenta só a musculação salva, mas confesso:
Que vontade de dar um grand jeté no meio daquilo tudo...
Então vou guardá-las, just in case.
Elas ainda são a minha alma, e nunca é tarde para um grand jeté.
Nunca se sabe.
E aí abri um saquinho, guardado lá em cima, esquecido num cantinho.
O que tem aqui?
Sapatilhas...de meia ponta, de ponta um par só, que eu nem usava tanto, mais contemporânea e jazzística que sempre fui.
Meia ponta, todos os dias, usadas diariamente para a aula base de tudo, o ballet clássico, que eu não gostava tanto e posteriormente aprendi a amar, e já não podia mais viver sem.
Todas cor de rosa amareladas pelo tempo.
Umas já muito gastas, outras nem tanto.
Talvez à espera da próxima aula que acabou não acontecendo.
Gostava delas mais usadas, quase com buraquinhos estratégicos, mas também gostava de costurar os elásticos num brand new pair of Capezio ballet slippers.
E o que fazer com elas agora?
Penso, penso, desapega, desapega...
Acho que não.
Vou guardá-las. Quem sabe?
Às vezes tenho que me segurar na academia, aquele lugar onde a força e a musculatura arrojada sem nenhuma linguagem quase sempre me incomodam.
Vou lá, mando brasa, corro atrás dos prejuízos, já entendi que aos quase sessenta só a musculação salva, mas confesso:
Que vontade de dar um grand jeté no meio daquilo tudo...
Então vou guardá-las, just in case.
Elas ainda são a minha alma, e nunca é tarde para um grand jeté.
Nunca se sabe.
Só memória
Desculpa aí se hoje
fiquei assim, só memória.
Tomando o seu tempo pra contar história.
Amanhã quando eu acordar e alguém me chamar eu respondo:
Presente!
E serei futuro novamente.
Tomando o seu tempo pra contar história.
Amanhã quando eu acordar e alguém me chamar eu respondo:
Presente!
E serei futuro novamente.
A faca e o queijo
Não, eu não sou coerente.
Não, eu não sou consistente.
Não, eu não sou insistente.
Não, eu não sou previsível.
Não, eu não sou invisível.
Não, eu não sou impossível.
Sim, sou mutante, viajante, elegante.
Sim, sou competente, displicente, persistente.
Crente ou descrente, dependendo da lua.
Lua cheia ou crescente, nua e crua, quase minha, toda sua.
Às vezes minguante, chocante, desestimulante.
Mais que isso, não sei o que sou.
Uma borboleta, uma silhueta, um cometa.
Uma bailarina, uma maestrina, um veneno estricnina.
Uma flor, um amor de pessoa, uma louca varrida.
Sei lá o que sou.
Alguém deve saber mais do que eu.
Prefiro nem saber.
É o melhor para poder crescer.
Não, eu não sou consistente.
Não, eu não sou insistente.
Não, eu não sou previsível.
Não, eu não sou invisível.
Não, eu não sou impossível.
Sim, sou mutante, viajante, elegante.
Sim, sou competente, displicente, persistente.
Crente ou descrente, dependendo da lua.
Lua cheia ou crescente, nua e crua, quase minha, toda sua.
Às vezes minguante, chocante, desestimulante.
Mais que isso, não sei o que sou.
Uma borboleta, uma silhueta, um cometa.
Uma bailarina, uma maestrina, um veneno estricnina.
Uma flor, um amor de pessoa, uma louca varrida.
Sei lá o que sou.
Alguém deve saber mais do que eu.
Prefiro nem saber.
É o melhor para poder crescer.
Quem sou (quem sou?)
Sim, sou competente, displicente, persistente.
Crente ou descrente, dependendo da lua.
Lua cheia ou crescente, nua e crua, quase minha, toda sua.
Às vezes minguante, chocante, desestimulante.
Mais que isso, não sei o que sou.
Uma borboleta, uma silhueta, um cometa.
Uma bailarina, uma maestrina, um veneno estricnina.
Uma flor, um amor de pessoa, uma louca varrida.
Sei lá o que sou.
Alguém deve saber mais do que eu.
Prefiro nem saber.
É o melhor para poder crescer.
Crente ou descrente, dependendo da lua.
Lua cheia ou crescente, nua e crua, quase minha, toda sua.
Às vezes minguante, chocante, desestimulante.
Mais que isso, não sei o que sou.
Uma borboleta, uma silhueta, um cometa.
Uma bailarina, uma maestrina, um veneno estricnina.
Uma flor, um amor de pessoa, uma louca varrida.
Sei lá o que sou.
Alguém deve saber mais do que eu.
Prefiro nem saber.
É o melhor para poder crescer.
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